
SSe tem alguém que conhece cada detalhe da trajetória de Éric Tomas, é Jeane Aparecida. Paulista, produtora cultural e com 59 anos de vida e histórias para contar, ela é muito mais do que mãe de artista — é matriarca, conselheira, fã número um e companheira de caminhada.
A história dessa família é marcada por afeto, força e acolhimento. Jeane é mãe de gêmeos, mas, infelizmente, perdeu um dos filhos no parto, em 26 de agosto de 1986. Ficou o Éric, ou como ele mesmo gosta de dizer, “essa tal criatura aqui que acha que tem uma missão na Terra”. Educador social, produtor cultural, defensor da diversidade e artista, Éric se reconhece como parte da geração que abriu caminhos.
“Da nova geração, ali dos meus 30 anos, eu acho que fui um dos pioneiros a me assumir no LGBT. Não lembro de ninguém antes de mim, nessa faixa de 35 a 38 anos, que tenha feito isso de forma pública e natural. Acho que fui um dos primeiros da minha família.”
E quem sempre esteve ao lado dele? Jeane. “A sociedade tentou me apagar. Posso até afirmar que existe um apagamento. Mas posso garantir que nunca houve apagamento maternal. Muito menos familiar. Houve acolhimento. Sempre.”
Jeane não só acolheu como incentivou. Sempre que pode, acompanha os shows do filho. Um detalhe importante: Éric está prestes a completar 9 anos de carreira como cover oficial da cantora Leci Brandão — e quem assistiu ao primeiro show da família foi justamente ela. Foi nesse dia que Jeane olhou para o filho e disse:
“Olha, você tá muito parecido com ela. Segue por essa linha, que isso vai virar uma profissão.”
Mesmo sem ter prática de maquiagem ou figurino na época, Éric já se preocupava em fazer tudo com perfeição. “Eu seguia as maritações da minha mãe. E até porque em 1987 ela ganhou um LP de presente do meu pai. Então, por isso que eu tenho tanto carinho por essa música, por essa história.”
A conexão com a arte e a cultura de resistência atravessa gerações na família. Além de acompanhar os shows, Jeane também é presença marcante no bloco LGBT idealizado por Éric. “Ela não só me aceita como ser humano, como LGBT e como defensor da diversidade, mas também desfila comigo no bloco. Ela é a matriarca do nosso bloco!”
De lá pra cá, entre shows, batuques, militância e muito afeto, Jeane Aparecida segue firme, acompanhando os passos do filho e reforçando o valor de uma família que acolhe, apoia e se orgulha da sua história..

