
Se em muitas histórias a gente ouve falar da famosa “mãe da noiva”, quem chama atenção mesmo é a “mãe da Drag”. E não é qualquer drag — é Gizelly Roxx, nome artístico de André Roxx, artista que além de performer também é DJ e agita as pistas com seu carisma e batidas certeiras. Por trás desse talento, tem uma mulher forte, generosa e cheia de samba no pé: dona Sônia, mãe, parceira de todas as horas e presença constante nos eventos LGBTQIA+.
André mora na mesma casa com o companheiro e a mãe. A relação vai muito além do teto compartilhado — é sobre respeito, amor e parceria genuína. Dona Sônia não só apoia o filho em suas escolhas, como faz questão de estar presente nos shows, festas e atos, vibrando junto a cada conquista. Se tiver um sambinha no evento, ela é daquelas que se joga na pista com alegria.
Para ela, ser conhecida como “a mãe da drag” é motivo de orgulho. “Eu escolhi ser a mãe da drag, escolhi ser a mãe do André. Pra mim é uma honra, um prêmio. Toda vez que ele se apresenta, que faz um show ou toca num evento, eu me emociono, me sinto realizada. Amo meu filho, amo a artista que ele é e me orgulho de estar do lado dele”, declara.
Sônia também se reconhece como a mãe da família inteira que formaram: de Gizelly, de André, do DJ, do companheiro Cássio — uma família é construída com afeto e coragem. Ela deixa um recado para as mães que ainda hesitam em abraçar seus filhos LGBTQIA+: que não fechem os olhos, não soltem as mãos, não deixem seus filhos perdidos nesse mundo. Que mãe é quem acolhe quando todo o resto vira as costas, quem chama pra conversar e oferece o amor que só ela pode dar. Que o caráter e a dignidade de um filho não se medem por padrões de gênero ou preconceito, mas pelo valor que carrega no peito e que a mãe ajudou a construir.
Dona Sônia reforça que ser mãe de um artista LGBTQIA+ é um aprendizado constante, dentro e fora dos bastidores. “A gente nasce aprendendo e continua a vida inteira. Quando aceitei meu filho, percebi que ele era diferente, mas não inferior. Eu não quero ver os nossos chorando, abandonados ou sozinhos. Cada filho é único, e nenhum substitui o outro. Tenho medo, claro, de ver meu filho sofrer preconceito na rua, no transporte, no trabalho, mas sigo lutando. Coloco a camisa da diversidade com orgulho e vou para a rua junto, porque filho é filho, de salto ou de tênis. E a gente precisa aprender a ouvir mais, acolher mais e bater menos”, afirma.
A história de Sônia e André é o retrato de como o amor materno pode ser revolucionário. Num país onde tantas famílias ainda fecham as portas para seus filhos LGBTQIA+, ela abre não só a casa, mas o coração e o caminho para que seu filho seja quem ele é — seja como DJ, como drag ou como militante.
Mais do que aceitar, Sônia acolhe, defende e se orgulha. E isso faz dela referência e inspiração para tantas outras mães que podem transformar medo em acolhimento, e preconceito em afeto.
Entre brilhos, batidas e sambas animados, dona Sônia segue dançando pela vida — com Gizelly, André e toda a comunidade que abraça, protege e celebra.
