
Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH
Arquidiocese BH/Divulgação
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União identificaram um projeto que propunha o destombamento da Serra da Piedade, patrimônio cultural e natural protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Estado de Minas Gerais. O documento foi encontrado durante buscas da Operação Rejeito, na sede da empresa Minerar Participações S.A., em Nova Lima, na Grande BH.
O estudo, com 80 páginas, estava na mesa do diretor da holding, João Alberto Paixão Lages. O ex-deputado é apontado pela PF como um dos líderes do esquema investigado sobre fraudes em licitações ambientais na mineração.
De acordo com as investigações, o parecer técnico criticava o processo de tombamento da Serra da Piedade e fazia parte de uma estratégia para liberar a mineração no local, usando argumentos técnicos como fachada. A análise foi incluída no processo que tramita na Justiça Federal.
Mensagens extraídas do celular da ex-presidente do Iphan, Débora França, revelaram reuniões com empresários da Minerar e servidores do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), nas quais o tema do “destombamento” foi tratado diretamente. Em depoimento, Débora confirmou as tratativas, mas afirmou que o pedido foi considerado juridicamente impossível.
A investigação também identificou um contrato de R$ 29 milhões para compra de direitos de exploração mineral em uma área que invade o território tombado da Serra da Piedade. O texto do acordo reconhece que a reserva está dentro da área protegida, o que, segundo a PF, demonstra a intenção de burlar o tombamento.
A Serra da Piedade fica entre os municípios de Caeté e Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O local é reconhecido como Monumento Natural Estadual e abriga o Santuário da Padroeira de Minas Gerais, sendo um dos principais patrimônios culturais e ambientais do estado.
Para os investigadores, esse é um dos desdobramentos mais graves da Operação Rejeito, por envolver a tentativa de transformar um patrimônio natural e religioso em oportunidade de mineração, com participação direta de executivos e agentes públicos. Segundo a PF, o projeto revela uma combinação de interesses econômicos, influência política e manipulação técnica para favorecer a exploração ilegal.
Por G1
'Operação Rejeito': PF investiga projeto para liberar mineração em área protegida da Serra da Piedade
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