
Os estudos foram realizados tanto in vitro, com cultura de células de câncer de bexiga 2D (células cultivadas em uma superfície plana, em que crescem em uma única camada) e 3D (células crescem em forma de estruturas tridimensionais que simulam melhor o ambiente real de um tumor no corpo), quanto in vivo, com a indução do tumor diretamente na bexiga de camundongos. “Para isso, células de câncer de bexiga foram instaladas dentro da bexiga do animal após ser feita uma lesão epitelial por etanol no órgão. Essas células crescem formando o tumor, que depois foi tratado com a formulação. Esse modelo nos permite avaliar a eficácia e segurança in vivo”, conta a professora Priscyla.
No tratamento desenvolvido pelas pesquisadoras, a introdução de glicoalcaloides [compostos tóxicos produzidos naturalmente por algumas plantas, no caso, solasonina e solamargina] no organismo foi feita através de transportadores lipídicos nanoestruturados (NLC), sistema de administração de fármacos baseado em nanotecnologia. Uma das vantagens dessa abordagem é a alta estabilidade, a capacidade de encapsulamento e o custo-efetividade. Com a formulação dessas nanopartículas, foi possível realizar a aplicação do tratamento diretamente na bexiga dos animais pela via intravesical.
Para desenvolver as nanopartículas, as pesquisadoras utilizaram o método de emulsão seguida de sonicação [ondas ultrassônicas] em uma única etapa: a fase aquosa [água destilada] e oleosa [manteiga de Illipê com adição de solasonina e solamargina] são homogeneizadas, formando uma nanoemulsão que, depois de resfriada, forma os transportadores lipídicos nanoestruturados. De acordo com a professora, “essa abordagem representa uma alternativa promissora para o tratamento do câncer de bexiga, unindo compostos naturais e nanotecnologia, visando a tornar o tratamento mais eficaz”.