
No Brasil, a violência policial deixa sua marca registrada nas periferias, enquanto o racismo escancara seus mecanismos. A lesbofobia e o racismo não apenas se entrecruzam, mas operam como forças estruturais de exclusão que violentam diariamente, principalmente as mulheres negras lésbicas e nossa comunidade como um todo, negando-lhes o acesso à educação de qualidade, ao mercado de trabalho e à cidadania.
Como consequência direta dessa marginalização, enfrentamos a insegurança alimentar nos lares, fruto da precariedade ou da ausência total de emprego, ou quando somos contratadas, na exaustiva escala de trabalho 6 por 1. Enfrentamos
duplas e até triplas jornadas de trabalho, seja dentro de casa, nos cuidados do lar e da família, seja nas demais demandas da vida, como nos estudos e na qualificação para a vida profissional.
O cenário cotidiano que se naturaliza é que não há uma vida além do trabalho. Em razão desse contexto, sentimos a necessidade de relembrar:
Não há democracia sem justiça racial e social.
E, em 2025, iremos à Brasília/DF na Marcha das Mulheres Negras, em sua edição 10 anos depois.
As políticas públicas nos ignoram e não somos protegidas. Casos de lesbocídios crescem exponencialmente a cada ano. Nesses casos, o silêncio e a invisibilidade imperam permitindo e também promovendo crimes de ódio com requintes
de crueldade.
Ana Caroline Campêlo, Ana Karolina de Sousa Santos, Ana Paula Campestrini, Clara Ferreira de Oliveira, Luana Barbosa dos Reis, Jeyciele Moura dos Santos, Marielle Franco, Rosely Roth e tantas outras anônimas jamais serão esquecidas!
Vamos honrar suas memórias tanto neste manifesto quanto em todas as nossas lutas diárias, como mulheres que poderiam – e ainda podemos – ter o mesmo destino que elas! Recusamos esse cenário para as nossas vidas e para toda a sociedade!
Mulheres bissexuais enfrentam as mesmas estruturas de opressão, atravessadas por apagamentos constantes. São invalidadas, hipersexualizadas, vistas como “confusas”. Nossa orientação sexual não é fase, nem ponte. É legítima!
Hoje, somos muitas mães em dupla maternidade, buscando reconhecimento, dignidade e acesso aos nossos direitos. Exigimos a segurança jurídica de famílias compostas por mães lésbicas; o direito ao planejamento familiar, à adoção, outras formas de concepção; acesso à inseminação artificial e ao aborto legal, assegurados pelo SUS. Segundo pesquisa da FGV, 50% das mulheres são demitidas em até dois anos após a licença-maternidade. Vivemos com salários menores e a incerteza do emprego.
Lutamos pelo fim do capacitismo que nega dignidade às pessoas com deficiência. Queremos acesso pleno à cidade, aos serviços e ao cuidado. Nossos corpos diversos e dissidentes têm direito ao amor, ao prazer, à visibilidade e ao trabalho. Exigimos políticas públicas que reconheçam as múltiplas formas de existir e que combatam o apagamento de mulheres, respeitando o leque de suas diversidades funcionais.
Também rompemos com a invisibilidade social das mulheres lésbicas e bissexuais idosas, que por décadas foram silenciadas, institucionalizadas ou abandonadas. Queremos envelhecer com dignidade, com afeto, com políticas públicas que contemplem nossas histórias e nossas vivências.
O conservadorismo, representado pela extrema direita, tenta impedir a justiça social mas resistiremos com a nossa força coletiva. Resistiremos nas ruas, nos lares, nas escolas e em grupos e coletivos! E jamais esqueceremos
quem tentou destruir nossa democracia!
SSEEMM AANNIISSTTIIAA AAOOSS GGOOLLPPIISSTTAASS DDEE OONNTTEEMM EE HHOOJJEE!!
PPEELLAA LLIIBBEERRDDAADDEE DDEE VVIIVVEERR EE EEXXIISSTTIIRR!!
PPOORR UUMM VVIIVVEERR LLÉÉSSBBIICCOO EE BBIISSSSEEXXUUAALL LLIIVVRREE,,
DDIIGGNNOO,, PPOOSSSSÍÍVVEELL EE RRAADDIICCAALLMMEENNTTEE CCOOLLEETTIIVVOO!!