Alunos das áreas periféricas, mães solo e com renda de até 3 salários mínimo serão os mais impactados
Até a próxima segunda, 15 de setembro, alunos ainda poderão usufruir da flexibilidade proposta pela EaD para cursos do Ensino Superior. A partir do dia 16 todos os ingressantes interessados na modalidade, passam a seguir as novas regras estabelecidas em maio pelo marco regulatório do Ensino Superior. Mais de 20 cursos deixam de existir e as Instituições e alunos buscam maneiras de se adaptar ao modelo semipresencial. Para apoiar estudantes e gestores nessa mudança, a ABED realiza até amanhã (11 de setembro) o 20º Seminário Nacional de Educação a Distância (20º SENAED).
De acordo com o presidente da ABED, João Mattar, a programação do 20º SENAED foi idealizada para que os participantes saiam do evento com um panorama 360 que os apoiem na transição da oferta de EaD e que desenvolva um olhar para destrinchar e traduzir dados a favor da sua gestão e do atendimento ao aluno. “Acreditamos que disponibilizar dados, conhecimento e ferramentas para facilitar entendimento e acesso da EaD servirá como apoio para que as IES transformem sua oferta com qualidade e de forma ainda mais democrática e inclusiva”, destaca.
Conforme o relatório analítico, divulgado hoje, de 2016 a 2023, os cursos de saúde, em EaD tiveram crescimento de 35,7% ao ano, acompanhado de um aumento de 1,5%, ao ano, na modalidade presencial. No caso dos cursos Educação, a evolução foi de 9% (a.a.) na EaD e um decréscimo de 6,1% (a.a.) no presencial. Dados do último Censo, divulgado pelo INEP destacam que dos 5.570 municípios brasileiros, 2.363 só dispõem de acesso ao ensino superior na modalidade EaD e pouco mais mil na modalidade presencial.
No caso específico do curso de Educação Física, que integra o grupo de cursos de saúde, a oferta agora muda para o modelo de semipresencialidade. Passa de 30% de atividades presenciais para 60%.
Esse modelo irá incluir quem puder arcar com uma mensalidade menor do que a do curso presencial. No entanto, irá excluir alunos periféricos, que gastam muitas horas em transporte público todos os dias, mães-solo e quem mora bem longe dos polos e com renda de até 3 salários mínimos. Com a tendência de fechamento de polos em cidades menores, esses alunos serão afetados.
Oportunidade para ser técnico de futsal em São Paulo veio pela EaD
Marcelo Terres, de 44 anos se forma este ano em Educação Física, pela Unimar (Universidade de Marília). Residente da zona leste da capital, antes de entrar no curso, Marcelo trabalhava no comércio, no recebimento de mercadorias. Com 40 anos, foi estimulado pelos amigos da área a entrar na faculdade. “O esporte sempre fez parte da minha vida. O ingresso na Educação Física veio mesmo a partir de muito apoio dos meus amigos, que perceberam meu potencial e me fizeram acreditar que ainda seria possível”, conta.
“Se eu fosse começar hoje, seria impossível porque logo no primeiro semestre já consegui estágio e com a facilidade da EaD, em 70% do tempo a distância pude assistir as aulas e fazer os trabalhos, enquanto eu estava no ônibus, trem e metrô. Moro no extremo leste e trabalho no Campo Belo, como estagiário de técnico de futsal. Às vezes, preciso ficar até bem tarde. Se tivesse que cumprir 60% de carga presencial não teria como realizar esse sonho”, detalha Marcelo
Antes mesmo de concluir o curso, Marcelo já teve um reconhecimento pelo clube, com aumento de salário, mudança de cargo e uma viagem para a Europa para acompanhar o time, com tudo pago pelo clube.
O 20º Seminário Nacional de Educação a Distância (20º SENAED), acontece até amanhã (11 de setembro), às 18h, na Universidade Anhembi Morumbi (Rua Doutor Almeida Lima, 1134, Mooca, SP). O evento espera reunir mais de 300 representantes do setor.
