
Na manhã desta segunda-feira, a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), em Salvador, foi tomada pela emoção e pela ancestralidade. Alcione, a Marrom do Brasil, recebeu o título de Cidadã Baiana, um reconhecimento que vai muito além da formalidade. É a consagração de uma história de afeto, pertencimento e representatividade.
Natural do Maranhão, Alcione sempre encontrou na Bahia um espelho de sua arte e de sua força. Recebida com honra pela deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) — autora da proposta — e pela Jornalista e Atriz Maira Azevedo (Tia Má), a cerimônia se transformou em um verdadeiro rito de afirmação.
Tia Má foi enfática: “A Bahia não dá apenas um título à Alcione. Ela reafirma um lugar que sempre foi dela através de seu canto,sua história ,sua verdade .Tia Má contempla emocionada em sua fala que como Mulher Preta se sente muito bem representada através Alcione Dias Narazeth .
As palavras ecoaram com a força simbólica de quem compreende que Alcione é mais do que uma cantora: é uma instituição viva da música brasileira, um instrumento de inspiração para gerações inteiras — sobretudo de mulheres pretas, artistas e sonhadoras.
Com mais de 50 anos de carreira, Alcione é referência de resistência, elegância e potência vocal. Suas canções embalam histórias de amor, de luta e de saudade. Mas, acima de tudo, ela embala o orgulho de ser quem se é, de ocupar espaços que durante muito tempo foram negados a pessoas negras, especialmente mulheres negras.
A cerimônia na ALBA foi também um reencontro entre a Bahia a cultura e uma de suas filhas mais queridas. Uma filha que, mesmo nascida em outro chão, sempre se fez presente no terreiro cultural baiano com sua música, sua voz e sua alma preta.
De fato, Alcione inspira. E ao inspirar, ela abre caminhos para que outras mulheres pretas da arte e da cultura também possam caminhar com dignidade e brilho próprio.
Em tempos onde símbolos importam — e muito —, tornar Alcione oficialmente uma cidadã baiana é mais do que um gesto político: é um gesto de justiça histórica. A Marrom agora é, por direito e por amor, filha da Bahia.