
Ao longo dos anos, o trabalho com as bibliotecas impulsionou outras frentes. Bel decidiu fazer um mestrado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP para aprofundar o impacto das bibliotecas comunitárias. “Entrei no mestrado muito para abrir um caminho para os jovens da biblioteca. Entrar na universidade é também uma forma de levar para a academia essa possibilidade da gente pesquisar de dentro”, afirma.
A dissertação, defendida na área de turismo, discutiu o conceito de mobilidade a partir do que as bibliotecas provocaram no território. “Os meninos passaram a vir para o centro, frequentar os eventos. A turma do centro, de outras cidades, de outros países, passaram a ir ver uma biblioteca dentro de um cemitério.”
Bel defendeu sua dissertação na EACH em 2021, sob supervisão do professor Thiago Allis. A dissertação na íntegra está disponível na Biblioteca Digital da USP. Já o trabalho coletivo nas bibliotecas teve o reconhecimento do Prêmio Jabuti três anos depois. “Já tem um processo ousado da gente achar que merece um prêmio. Isso já é um trabalho de autoestima bastante grande. O primeiro lugar para onde ele foi, foi para a mão das crianças. Elas falavam: ‘É nosso, ganhamos!’”, lembra Bel.
Sidinéia, que entrou no projeto como educanda e passou a ser educadora pouco tempo depois, hoje atua em diferentes frentes do projeto. Além da literatura, passou a organizar ações de cultura, esporte e permacultura. Uma dessas ações é a chamada Rua Adotada, que transforma temporariamente as ruas da comunidade em espaços de convivência e brincadeira. “A gente fecha as duas pontas da rua. Cada trecho tem alguma atividade acontecendo ao mesmo tempo. Uma hora a Sidinéia tá lá no futebol com os meninos, eu tô aqui na dança com as meninas. A gente acaba trocando os públicos”, relata Tamires Santos, outra educadora do projeto.