Vereadora Filipa Brunelli Enfrenta Transfobia e Tentativa de Silenciamento em Sessão de Posse

Por Maria Fernanda, do Canal Inhaí
A abertura da nova legislatura na Câmara Municipal de Araraquara foi manchada por um triste episódio de transfobia e violência política. O momento que deveria ser de celebração e compromisso com a democracia se transformou em palco de ataques preconceituosos contra a vereadora Filipa Brunelli (PT), reeleita como a única mulher transexual da Casa.
A sessão de posse, tradicionalmente marcada por discursos e expectativas para o futuro da cidade, foi interrompida por vaias, xingamentos transfóbicos e gestos de arma vindos de uma plateia que incluía apoiadores da extrema direita, ligados à base do prefeito eleito. Mesmo diante de tamanha hostilidade, Filipa permaneceu firme, enfrentando o desafio de exercer sua voz em meio à tentativa de silenciamento.
“Foi doloroso, mas também um lembrete de que corpos como o meu precisam estar na política para que essas barreiras sejam enfrentadas e derrubadas”, desabafou a vereadora após a sessão. A cena foi um retrato da violência sofrida por pessoas dissidentes em espaços que deveriam promover o diálogo e a pluralidade.
Mesmo com o apoio do regimento interno, que exige ordem e respeito no plenário, Filipa precisou elevar o tom de voz para concluir seu discurso. Sua firmeza demonstrou o compromisso com o papel que representa: ser um instrumento de resistência e luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+ e de outras minorias.
A história de Filipa é marcada por coragem. Durante sua primeira eleição, em 2020, recebeu ameaças de morte e precisou de escolta policial para sua segurança. Hoje, reeleita, ela carrega não apenas as marcas dessas experiências, mas também a certeza de que sua presença na política é um ato de resistência e empoderamento.

“Não vou me intimidar. O que aconteceu hoje só reforça o quanto a democracia precisa ser defendida e o quanto ainda temos que avançar. Não me calaram antes e não me calarão agora”, afirmou a vereadora com a convicção de quem entende a importância de ocupar espaços históricamente negados às pessoas trans.
O caso reacende debates urgentes sobre a violência política de gênero e transfobia no Brasil, país que lamentavelmente lidera rankings de assassinatos de pessoas trans. A presença de Filipa na Câmara não é apenas um símbolo de resistência; é um chamado para a sociedade refletir e agir contra as desigualdades estruturais que persistem.
A postura da vereadora é um exemplo de ética e coragem. Sua luta não é apenas pela comunidade LGBTQIAP+, mas por todos que acreditam em uma política inclusiva e verdadeiramente democrática. A história de Filipa Brunelli inspira, resiste e nos lembra da urgência de proteger a democracia e seus representantes mais vulneráve
Confira a Nota OFicial
NOTA OFICIAL:
Resistirei a transfobia e a tentativa de silenciamento!
Hoje, durante minha posse como vereadora reeleita, fui alvo de ataques transfóbicos e vaias orquestradas pela extrema direita. Essas tentativas de silenciamento são mais do que ataques pessoais; são ataques contra a luta por justiça, igualdade e inclusão.
Não me intimidarei. Minha voz não será calada, e minha presença neste espaço é um ato de resistência contra o ódio e o retrocesso. Represento um projeto político construído pela coragem de enfrentar preconceitos e pela vontade popular de transformação.
Seguirei firme, lutando por uma Araraquara livre de lgbtfobia, racismo, misoginia e todas as formas de discriminação. Este mandato pertence ao povo, e minha atuação será de enfrentamento e esperança.
Eles têm o ódio, mas nós temos a força da mudança.
Vereadora Filipa Brunelli