Vance diz que Europa vive “retrocesso” na liberdade de expressão

O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, participa nesta sexta-feira (14) da 61ª Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, que conta com a presença de políticos europeus, oficiais militares e diplomatas.
Em seu discurso no encontro de lideranças globais, o republicano fez duras críticas a países da Europa, citando o Reino Unido como exemplo, ao afirmar que algumas nações enfrentam um “retrocesso” com violações à liberdade de expressão, especialmente ao tratar de assuntos religiosos.
“A ameaça que mais me preocupa em relação à Europa hoje não é a Rússia, não é a China, não é nenhum outro ator externo. O que me preocupa é a ameaça interna, o recuo da Europa em alguns de seus valores mais fundamentais, valores compartilhados com os Estados Unidos”, disse Vance.
O vice-presidente dos EUA citou o exemplo de Adam Smith-Connor, de 51 anos, que foi preso após rezar ao redor de uma clínica de aborto em Bournemouth. “Depois que a polícia britânica o viu e exigiu saber pelo que ele estava rezando, Adam respondeu simplesmente que era em nome do filho que ele e sua ex-namorada haviam abortado anos antes”, disse.
“Na Grã-Bretanha e em toda a Europa, temo que a liberdade de expressão esteja em declínio”, acrescentou Vance.
O político republicano afirmou ainda que a Casa Branca está sob uma nova liderança, classificando o presidente Donald Trump como “o novo xerife da cidade”. Segundo Vance, em Washington agora podem existir discordâncias de opiniões, “mas lutaremos para defender seu direito de apresentá-las na esfera pública, concordando ou discordando”.
O vice-presidente americano também criticou o cancelamento das eleições na Romênia em dezembro, anuladas pelo tribunal superior do país após acusações de interferência russa no resultado que indicavam vitória do candidato pró-Rússia Calin Georgescu.
“Se você está concorrendo com medo dos seus próprios eleitores, não há nada que os Estados Unidos possam fazer por você”, declarou.
“Por anos nos disseram que tudo o que financiamos e apoiamos é em nome de nossos valores democráticos compartilhados. Tudo, desde nossa política na Ucrânia até a censura digital, é anunciado como uma defesa da democracia. Mas quando vemos tribunais europeus cancelando eleições e autoridades ameaçando cancelar outras, devemos nos perguntar se estamos mantendo um padrão apropriadamente alto”, acrescentou.
Segundo Vance, a Europa se esqueceu das lições da Guerra Fria e das políticas de censura da União Soviética.
“Na memória viva de muitos de vocês nesta sala, a Guerra Fria posicionou os defensores da democracia contra forças muito mais tirânicas neste continente. E considere o lado naquela luta que censurou dissidentes, que fechou igrejas, que cancelou eleições”, afirmou o vice-presidente americano.