Quando Tudo Parece Rápido ou Devagar Demais

Quem tem TDAH sabe que a percepção do tempo é uma das maiores dificuldades do transtorno. Mas você já parou para pensar em como isso afeta os relacionamentos? Para muitas pessoas com TDAH, o amor pode ser vivido de forma diferente – mais intensa, mais imediata e, às vezes, mais caótica.

Nesse artigo, vamos explicar e aprofundar justamente nesse tema. Continue lendo…

O Tempo no TDAH: Passado, Presente e Futuro

O cérebro neurotípico consegue dividir bem o tempo entre passado, presente e futuro, planejando as ações de acordo com essas noções. Mas no cérebro de quem tem TDAH, o tempo muitas vezes se divide entre “agora” e “não agora”.

Isso acontece porque o cérebro tem dificuldade em visualizar o futuro como algo concreto, fazendo com que aquilo que não está acontecendo no momento pareça distante ou até irrelevante.

Essa percepção afeta diretamente a forma como a pessoa lida com compromissos, relacionamentos e planejamento. Se uma tarefa tem prazo para daqui a uma semana, ela pode não parecer importante até o último momento, porque o cérebro a classifica como “não agora”.

Da mesma forma, nos relacionamentos, quando alguém com TDAH está hiperfocado no parceiro, essa pessoa pode ser a coisa mais importante do mundo naquele momento. Mas se a atenção mudar para outra atividade ou preocupação, o parceiro pode parecer distante, não por falta de afeto, mas porque passou para a categoria do “não agora”.

Isso acontece porque o TDAH afeta o córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pelo planejamento, organização e controle do tempo. Como resultado, a pessoa pode ter dificuldade em se preparar para eventos futuros, pois o cérebro não os processa como algo real até que estejam muito próximos. Além disso, há uma busca constante por estímulos imediatos, já que o cérebro precisa de dopamina para manter o interesse em algo que não traz retorno instantâneo.

Para lidar com essa percepção única do tempo, algumas estratégias podem ajudar. Tornar o futuro mais “real” por meio de lembretes visuais, alarmes e prazos menores pode evitar a procrastinação. Criar rotinas e hábitos automatizados também é uma solução, pois facilita a constância em tarefas e relacionamentos. Além disso, associar eventos futuros a algo emocionalmente positivo pode ajudar a torná-los mais concretos e motivadores.

Entender essa dinâmica é essencial para quem tem TDAH e para quem convive com alguém que tem o transtorno. Não se trata de falta de interesse ou descaso, mas sim de um funcionamento cerebral diferente, que exige estratégias específicas para equilibrar o “agora” e o “não agora”.

Agora, vamos ao que Interessa:

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Como Essa Noção de Tempo do TDAH Afeta os Relacionamentos

Listei uma série de desafios que pode acontecer como:

  • Paixões intensas no começo: quando uma pessoa com TDAH se interessa por alguém, a conexão pode parecer arrebatadora. O hiperfoco pode fazer com que o parceiro se torne o centro das atenções.
  • Dificuldade em manter a constância: quando a novidade passa, o interesse pode diminuir, não por falta de amor, mas porque a mente já busca novos estímulos.
  • Problemas com compromissos e rotina: para quem tem TDAH, lembrar datas, programar encontros e manter contato regular pode ser desafiador.
  • Interpretação emocional intensa: pequenas demoras na resposta de uma mensagem podem parecer rejeição. Momentos de afastamento podem ser sentidos como o fim do relacionamento.

Para lidar com essa percepção única do tempo, você pode fazer:

  • Tornar o futuro mais “real”: usar lembretes visuais, alarmes e prazos menores para manter as tarefas presentes na mente.
  • Criar rotinas e hábitos: automatizar certas ações (como mandar mensagens para um parceiro todo dia) pode ajudar a equilibrar o “agora” e o “não agora”.
  • Usar reforço emocional: relacionar eventos futuros a algo emocionalmente positivo pode torná-los mais concretos.

Lidar com a percepção do tempo no TDAH exige estratégias que ajudem a tornar o futuro mais concreto e a equilibrar a impulsividade do presente. Uma das formas mais eficazes de fazer isso é criando estruturas externas para compensar a dificuldade interna de organização.

Ferramentas como alarmes, agendas e lembretes visuais não são apenas acessórios, mas sim extensões do cérebro para ajudar a trazer o “não agora” para o “agora”. Pequenos ajustes, como definir prazos menores e dividir tarefas em partes menores, também fazem uma grande diferença, pois reduzem a sensação de que algo é distante demais para ser feito.

Nos relacionamentos, a comunicação é essencial. Explicar como o TDAH afeta a percepção do tempo pode evitar mal-entendidos e garantir que o parceiro compreenda que períodos de distração não significam desinteresse.

Estabelecer rotinas afetivas, como mensagens diárias ou encontros marcados com antecedência, pode ajudar a criar uma sensação de constância, mesmo quando o cérebro busca novos estímulos. Além disso, usar reforços emocionais para eventos futuros, como associar uma tarefa a uma recompensa ou criar antecipação positiva para compromissos importantes, pode ajudar a tornar o futuro mais envolvente e real.

Outra estratégia importante é desenvolver o hábito da ancoragem temporal, que consiste em relacionar momentos futuros com eventos já estabelecidos na rotina.

Por exemplo, em vez de pensar “vou fazer isso daqui a três dias”, pode ser mais eficiente dizer “vou fazer isso depois da academia de quarta-feira”, conectando a tarefa a algo que já está fixo no cotidiano. Isso ajuda a criar uma ponte entre o presente e o futuro, tornando o planejamento mais natural e menos abstrato.

Por fim, é fundamental trabalhar a autocompaixão. Pessoas com TDAH frequentemente se frustram por terem dificuldade em seguir planos ou manter a consistência, mas entender que essa é uma característica do funcionamento cerebral – e não uma falha de caráter – é essencial para encontrar soluções sem autossabotagem.

Ajustar expectativas, buscar métodos que funcionem individualmente e celebrar pequenas vitórias fazem toda a diferença no processo de equilíbrio entre o “agora” e o “não agora”.

Uma boa jornada de alinhamento para vocês.

Por Maira Reis

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