
O anúncio oficial foi feito pelo camerlengo, cardeal Kevin Joseph Farrell, que destacou a trajetória do pontífice como uma vida entregue ao serviço da fé, da justiça social e da inclusão.
Primeiro papa latino-americano e jesuíta a ocupar o cargo mais alto da Igreja, Francisco foi eleito em março de 2013, sucedendo Bento XVI após sua histórica renúncia. Desde o início de seu pontificado, adotou uma postura pastoral mais aberta e dialogal, conquistando a simpatia de milhões ao redor do mundo.
Um papa das periferias
Francisco será lembrado por sua forte opção preferencial pelos pobres, pelo meio ambiente e por populações marginalizadas. Inspirado por São Francisco de Assis, escolheu como missão fazer da Igreja uma instituição próxima das dores humanas, especialmente dos mais vulneráveis. Em sua famosa frase “prefiro uma Igreja acidentada por estar nas ruas do que uma Igreja doente por estar trancada”, já deixava clara a disposição por reformas profundas.
Diálogo com a comunidade LGBTQIA+
Entre os maiores marcos de seu pontificado está o início de um diálogo mais respeitoso com a comunidade LGBTQIA+, historicamente marginalizada dentro da Igreja. Em declarações públicas, Francisco reiterou que “pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família” e que “são filhos de Deus”. Também criticou a rejeição e a exclusão, incentivando o acolhimento e combatendo o preconceito.
Apesar das limitações institucionais da Igreja e das resistências internas, o Papa foi um dos primeiros pontífices a abordar de forma franca a realidade LGBTQIA+, sinalizando que o caminho do amor e da compaixão deve prevalecer sobre julgamentos.
Saúde frágil e últimos dias
Nos últimos anos, Francisco enfrentou uma série de problemas de saúde, agravados por uma pneumonia bilateral que o levou à internação no Hospital Gemelli, em Roma, por mais de um mês. Apesar de alguns sinais de recuperação, seu estado geral continuou frágil até seu falecimento nesta manhã.
Um legado de humanidade
O Papa Francisco deixa um legado de esperança, reformas e aproximação entre fé e realidade social. Sua liderança buscou fazer da Igreja uma casa aberta, onde a escuta, a empatia e o cuidado com o outro fossem mais importantes do que as normas rígidas.
A partir de agora, a Igreja entra em período de Sede Vacante, e o conclave será convocado para escolher o novo líder da Igreja Católica. O desafio será manter o espírito de renovação iniciado por Francisco e, talvez, aprofundar ainda mais as transformações iniciadas por ele.
A memória de Jorge Mario Bergoglio permanece viva como símbolo de um cristianismo possível: mais próximo das ruas do que dos palácios, mais interessado no amor do que no julgamento.