A economia argentina sob a batuta de Javier Milei – Jornal da USP

Na coluna desta semana, o professor Alberto do Amaral faz da política econômica do presidente argentino Javier Milei o tema de seu comentário. Milei, que assumiu prometendo controlar a inflação historicamente elevada de seu país, tem sido bem sucedido na diminuição dos índices de pobreza e miséria e no aumento do crescimento econômico, “que há muito tempo não se verificava na Argentina”. Esse fato, no entanto, deverá provocar o aumento da inflação, mas desde a sua campanha à presidência ele advertiu que a situação pioraria antes de melhorar. Milei tenta implantar um programa de reforma profunda da economia, que ingressou há décadas em um período sombrio de decadência, segundo o colunista. “O presidente Milei estimula o livre mercado e procura abrir a economia Argentina para o mundo, rompendo um ciclo histórico vivido pelo país vizinho por várias décadas”, diz ele.

Amaral comenta ainda a respeito das semelhanças entre Milei e Donald Trump, de vez que ambos estão situados na extrema direita do espectro político. O presidente argentino é um defensor intransigente do livre mercado. “Essa visão de intransigente defesa do livre mercado convive no presidente argentino com a defesa de uma pauta sociocultural abraçada pela extrema direita, como a negação da mudança climática e a rejeição das políticas que protegem as minorias […] Ideologicamente, compartilha com Trump a mesma visão do mundo e diverge de muitos líderes mundiais da extrema direita, que defendem maior controle da atividade econômica”. Ele cita como exemplo o caso de Marine Le Pen, na França. “A Argentina, a Suécia e a Áustria são provavelmente os únicos casos de governos atuais de extrema direita defensores de políticas neoliberais extremadas. Na América Latina, nos anos 70, o Chile, durante o governo Pinochet, sob inspiração da escola de Chicago, especialmente Milton Friedman, adotou reformas profundas que alteraram o perfil da economia e aumentaram o nível de desigualdade social, origem de grandes protestos populares contra as políticas neoliberais”.

.