7° edição do “Papo Reto: Samba, Memórias e Raízes”

A 7° edição do “Papo Reto: Samba, Memórias e Raízes”, iniciativa da Secretaria de Justiça e Cidadania, promovido pela Coordenadoria de Direitos Humanos, foi um encontro enriquecedor que propiciou uma profunda reflexão sobre a importância do samba e do carnaval no cenário cultural brasileiro. Sob a condução do mediadora Maísa Costa,Coordenadora Geral de Direitos Humanos, o evento contou com a participação de ilustres convidados, como Sidnei França, carnavalesco das renomadas escolas de samba Vai-Vai e Mangueira, e Maiara Santos, produtora, professora de dança e coach do samba.
Sidnei França, com sua vivência e trajetória no mundo do samba, fez um verdadeiro tour entre as pontes aéreas que conectam Rio de Janeiro e São Paulo, reforçando a importância de exaltar o carnaval e o samba em espaços institucionais como a ação executada na Secretaria da Justiça e Cidadania.
Criado no berço das escolas de samba, Sidnei aprendeu, desde muito cedo, a respeitar os terreiros, saudar a velha guarda e as alas de baianas, elementos fundamentais da tradição que ele carrega com orgulho.
Para ele, “Não se forma carnavalesco se não for pela vivência”, afirmou, destacando que não há receita , mas sim a compreensão dos códigos comportamentais das agremiações, o que permite criar um desfile com precisão respeitando a identidade da escola ,valorizando o pertencimento de todos os grupos.
Sua visão do carnaval é profunda e de forte engajamento social, como evidenciado em sua abordagem sobre a maior criação audiovisual foi o enredo de “Ratos e Urubus”, um verdadeiro manifesto que reflete a dualidade da realidade brasileira, do lixo ao luxo, em uma crítica contundente à desigualdade do carnavalesco Joãozinho 30(in memorian).
Maiara Santos, por sua vez, compartilhou sua experiência como artista e produtora, destacando a importância de uma postura colaborativa no universo do samba.
Para ela, o verdadeiro espírito do carnaval se revela quando os pedidos da comunidade são atendidos resultando em um desfile que é, de fato, um esforço coletivo. Maiara também ressaltou a necessidade de se combater o egocentrismo presente em alguns cargos, que muitas vezes invalida a identidade , a força do componente, enfraquecendo a manifestação popular. Com uma vasta experiência nacional e internacional, Maiara,Coach do samba, afirmou que seu trabalho visa garantir que artistas consigam viver de sua arte e gerar receitas sustentáveis, criando uma ponte para o pertencimento das mulheres no universo do samba.
Dr. Rafael Calumby – Coordenador da Diversidade do Estado de SP,ressaltou a importância de um olhar atento e sensível para a comunidade LGBT, destacando que a inclusão e a representatividade desse público serão fundamentais no enredo da escola de samba Terceiro Milênio, desenvolvido pelo carnavalesco Murilo Lobo.
A roda de conversa contou ainda com a presença e fala de Éric Tomas, Presidente do Bloco Vez e Voz, que trouxe sua perspectiva sobre a importância da música e do samba como um meio de inclusão e expressão popular.
O evento contou com a participação na plateia da advogada Cynthia Lumbende, idealizadora do bloco “Filhas da Mãe África”, que ressaltou a relevância do aquilombamento como forma de resistência e fortalecimento da identidade afro-brasileira.
O carnaval se consolida não apenas como uma festa popular, mas como um poderoso meio de promoção de direitos, visibilidade e transformação social, assegurando que todas as vozes, especialmente as das minorias, sejam ouvidas e celebradas.