
Guilherme Wisnik participou da Bienal de Arquitetura naquela cidade italiana e analisa aspectos relativos ao tema do evento e ao trabalho vencedor do Leão de Ouro
Por Redação
O professor Guilherme Wisnik esteve em Veneza para participar da 19ª Bienal de Arquitetura na curadoria de duas exposições. Ele diz que se trata sempre de um grande evento, não só midiático como turístico e cultural. A curadoria deste ano é do italiano Carlo Ratti, que ministra aulas no MIT. “Ele faz um humanismo técnico no sentido de estabelecer como tema o título Intelligens, uma palavra híbrida e com o subtítulo Natural. Artificial. Coletivo. Esse intelligens é uma tentativa de pensar uma inteligência contemporânea ligada à ideia de games, de célula e de comunidade. E procura atravessar os aspectos, como o subtítulo diz, do artificial e tem todo um setor sobre inteligência artificial, braços robóticos, impacto disso na produção da construção, na tecnologia, nos programas etc., mas dobrados sobre o seu complementar, seu par complementar, que seriam o natural e o coletivo. Aparecem muitas iniciativas, experimentações no campo da arquitetura com materiais renováveis, materiais naturais, tentativas de escapar dos tradicionais aço, concreto etc. Nesse sentido, uma especulação onde a gente na Bienal sente o espírito do tempo, isto é, o momento atual em que estamos, o impasse ecológico, a emergência da tecnologia nos seus aspectos assombrosos e redentores, mas sempre com o risco também, isso acontece muito ali, de parecer no fim uma espécie de grande feira de ciências, onde tem pirotecnias e a gente encontra dificuldade de perceber quais seriam os centros da discussão, os nervos principais”, avalia o colunista.
Em seguida, Wisnik fala sobre as premiações da Bienal, concentrando-se, sobretudo, no prêmio máximo, que é o Leão de Ouro. O trabalho vencedor teve por palco o Canal Café e é uma instalação de tubos transparentes que capta a água da Laguna Veneta. “Essa água corre, a gente vê ela passando e ela vai sendo filtrada por plantas várias que estão ali também visíveis e essa filtragem despolui a água, porque é uma água poluída do canal, passa muito barco, no mínimo tem óleo etc. Então ela vai sendo descontaminada e dessalinizada e até jorrar ali onde ela desce para que ela se transforme em café e as pessoas tomam esse café na hora. Então formam grandes filas e as pessoas assistem a esse processo ali ao vivo e podem experimentar o café, o que é muito interessante como dispositivo arquitetônico, porque na verdade é territorial, é infraestrutural e, ao mesmo tempo, um discurso sobre sustentabilidade.”
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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