
Em Ribeirão Pires, parece que o amor colorido desbotou e ninguém na prefeitura quis retocar. O movimento LGBTQIA+ da cidade vem denunciando o abandono de dois importantes marcos da diversidade: a Faixa da Diversidade e o Monumento à Diversidade, ambos localizados na simbólica Vila do Doce.
A faixa de pedestres com as cores do arco-íris, inaugurada em 2021 e revitalizada em 2022, hoje está apagada e esquecida. Já o Monumento à Diversidade, um coração multicolorido instalado em junho de 2023 como gesto de respeito e inclusão, segue sem qualquer sinal de manutenção ou atenção do poder público.
Enquanto isso, do outro lado da praça, quatro novíssimas estátuas em homenagem aos pracinhas da Segunda Guerra Mundial foram inauguradas recentemente com todo o cuidado, pompa e fotografia oficial. Brilham ao sol, impecáveis, enquanto os símbolos da comunidade LGBTQIA+ desbotam junto com a memória das promessas feitas em datas comemorativas.
“Quebraram nosso coração e jogaram na rua. Só esqueceram de pintar a faixa de pedestres para a gente conseguir atravessar de volta para a dignidade”, ironiza um dos ativistas do movimento.
A denúncia do abandono evidencia o que militantes e coletivos locais já apontavam: o respeito à diversidade em Ribeirão Pires anda mais no discurso de data oficial do que na prática cotidiana. E, mais uma vez, quem luta por visibilidade e direitos precisa lembrar à gestão pública que monumentos não se cuidam sozinhos — e que símbolos só têm sentido se acompanhados de compromisso real.
O movimento LGBTQIA+ cobra não só a revitalização imediata dos dois espaços como uma política contínua de preservação e valorização dos símbolos de resistência e orgulho da comunidade. Porque se o coração da diversidade está desbotado e a faixa sumida, como atravessar para o lado certo da história sem tropeçar no descaso?





