Na coluna desta semana, Pedro Dallari repercute os dados do “18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública”, que apontam aumento de mais de 220% na quantidade de armas de fogo nas mãos dos brasileiros
Por Adriana Cruz
O tema da coluna desta semana é o aumento da quantidade de posse de armas de fogo pela população brasileira, que cresceu mais de 220% desde 2017, sem levar em conta aquelas que estão com registros vencidos e as que foram recadastradas. Os dados são do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
“O Anuário é muito impactante, porque dele resulta um número muito impressionante. São 4,8 milhões de armas de fogo que estão circulando pela população brasileira, sem falar, obviamente, dos arsenais das Forças Armadas e das forças de segurança pública. Esses 4,8 milhões se distribuem entre 2 milhões de armas com registros ativos, 1,7 milhão com armas com registros vencidos e 900 mil armas de fogo de caçadores, atiradores e colecionadores. É um número muito expressivo e o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, com os dados mais recentes, indica não só um número muito expressivo, mas um crescimento muito alarmante”, afirma Dallari.
Segundo ele, entre 2022 e 2023, “esse aumento foi de 34%: foram 500 mil armas a mais com registros ativos. É também impressionante o número de registros dos chamados CAC, que são caçadores, atiradores e colecionadores cadastrados pela Polícia Federal, que subiram de 63 mil, em 2017, para cerca de 800 mil já em 2022, que é o último ano com dado disponível. Isto significa que um arsenal muito expressivo de armas está à disposição da população brasileira e, obviamente, gera um risco enorme para a sociedade pelo seu uso indevido que acaba naturalmente ocorrendo pelo próprio volume de armas que está disponível”.
Para o professor, a relação entre a maior disponibilidade do uso de armas de fogo com a expansão da criminalidade no Brasil é direta. “Isso é decorrente de uma legislação do governo [de Jair] Bolsonaro, que flexibilizou o acesso a essas armas, mas o fato é que, até agora, não houve retrocesso significativo. E se nós considerarmos, ainda, as armas ilegais que circulam no Brasil fruto de contrabando, as armas roubadas pelo crime organizado de arsenais das Forças Armadas e das forças de segurança pública, esse número de quase 5 milhões de armas nas mãos da população tende a ser ainda maior, o que gera realmente um impacto enorme do ponto de vista dos direitos humanos e da cidadania. É muito importante que haja uma reversão dessa situação e que haja o desarmamento efetivo da população brasileira”, considera.
Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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