
Da terra quente e cortada pelo Rio São Francisco, nasce uma sonoridade singular, enraizada nas tradições populares, mas aberta ao mundo. O grupo Surubim e os Pocomã, formado por Pedro Surubim (voz e violão, de Pirapora), Pedroca Neves (contrabaixo, de Montes Claros) e Danilo Guinu (bateria, de Teófilo Otoni), leva ao palco uma fusão efervescente de forró, jazz, samba e lundu, refletindo a diversidade cultural do Norte de Minas Gerais.
Com uma trajetória que se fortaleceu durante a pandemia, a banda lançou, em 2023, seu primeiro álbum, “Surubim e os Pocomã – Ao Vivo”, gravado em Montes Claros durante um show no Armazém do Campo do MST do Norte de Minas. O disco reúne nove faixas autorais que traduzem, em música, o cotidiano e a identidade da população ribeirinha do Velho Chico.
Uma fusão de influências e ritmos
O nome da banda remete a dois peixes do Rio São Francisco e simboliza sua ligação com a cultura barranqueira – termo que define aqueles que vivem às margens do rio. Suas músicas abordam os saberes, as lutas e as celebrações do povo que habita essa região. Folia de Reis, forró, jazz americano, funk londrino e música pop universal se encontram em uma mistura rica e instigante, refletindo tanto a tradição quanto a modernidade.
Em suas composições, o grupo canta sobre a resistência dos povos do sertão, seus mitos, desafios e alegrias. Faixas como “Brasil Lameiro” desafiam estereótipos, enquanto “Mutalambô” resgata a espiritualidade e as crenças afro-indígenas. Já “Xote Jamiroquai”, um dos destaques do álbum, mescla forró com funk jazzístico, trazendo uma identidade sonora única.
O palco como território de criação
Surubim e os Pocomã tem sua essência enraizada no palco. Para o grupo, a interação ao vivo com o público é um elemento essencial do seu som, tornando a gravação ao vivo um formato natural para registrar sua musicalidade. Seus shows são verdadeiros rituais de energia e conexão, onde cada apresentação ganha nuances únicas com improvisos e experimentações sonoras. Cada show é uma espécie de celebração barranqueira, onde os elementos e modos de vida do Sertão Sanfranciscano são trazidos para o palco e celebrados com o público.
A força da Música Popular Barranqueira
A identidade da banda se traduz na Música Popular Barranqueira (MPB), um conceito que reflete a fusão de tradições regionais e influências contemporâneas. Essa linguagem musical se inspira em artistas como Nação Zumbi, Lenine e Marku Ribas, ao mesmo tempo em que reverencia expressões culturais locais como o xote, o baião e os cantos dos catopês.
Além da música, a banda também atua em movimentos culturais e sociais, promovendo encontros, parcerias e iniciativas para fortalecer a cena musical independente em Minas Gerais. Sua atuação se estende por diversas regiões mineiras, como Norte de Minas, Vale do Mucuri, Jequitinhonha e Triângulo Mineiro, ampliando a circulação da sua arte e fomentando o intercâmbio cultural.
O futuro da música barranqueira
Com um disco ao vivo que captura toda a energia da sua performance, Surubim e os Pocomã segue expandindo as fronteiras da Música Popular Barranqueira. A banda acredita na música como um instrumento de resistência e transformação, conectando o sertão ao mundo sem perder suas raízes.Para este ano de 2025 a banda prepara o lançamento de dois discos independentes – Peixes dos Milagres, um EP de 4 faixas inéditas gravado no Rio de Janeiro e Canções Para Desextinção dos Rios, que contará com a participações especiais de mulheres como Julia Ribas (MG), Natália Tenório (PE) e da barranqueira Priscila Magella (MG). Este último será gravado na Comunidade Quilombola, Pesqueira e Vazanteira de Croatá em Januária-MG.
Ouça!
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