O vice-prefeito de Itanhaém, Zé Renato Oliva, enfrenta duras críticas após a publicação de um vídeo amplamente interpretado como intolerante em relação às religiões de matriz africana. A postagem gerou indignação entre lideranças religiosas, ativistas e diversos setores da sociedade, que acusaram o político de disseminar desinformação e reforçar preconceitos históricos.

Líderes religiosos, como mães e pais de santo, destacaram que os rituais realizados em terreiros de umbanda e candomblé utilizam exclusivamente materiais orgânicos, sem impacto ambiental significativo. Muitos lembraram que essas mesmas comunidades frequentemente se mobilizam para limpar áreas públicas, como praias e morros, espaços que, segundo eles, têm sido negligenciados pela gestão municipal. “Já recolhi lixo deixado por eventos da prefeitura, enquanto nossas oferendas nunca deixam sujeira. Pelo contrário, cuidamos do espaço”, afirmou uma mãe de santo.

A publicação de Zé Renato foi ainda considerada desrespeitosa por sua abordagem à cultura e às práticas afro-brasileiras. Nas redes sociais, internautas acusaram o vice-prefeito de perpetuar alfinetadas contra a comunidade afrodescendente e de negligenciar questões relevantes para a cidade. “Ele deveria se concentrar em resolver os reais problemas de Itanhaém, em vez de promover discursos que dividem”, comentou um usuário.

Resposta Insuficiente

Diante da repercussão, Zé Renato se defendeu, afirmando que a intenção do vídeo era estimular uma reflexão coletiva sobre a preservação ambiental e o descarte adequado de resíduos. Ele enfatizou que o problema é de responsabilidade compartilhada entre moradores, turistas e comerciantes. No entanto, a justificativa foi amplamente considerada insuficiente, com muitos ainda classificando a postagem como inadequada para um representante público.

Notas de Repúdio e Mobilização Popular

Organizações culturais e religiosas, como o Centro Cultural Ilê Asé Omim Iyalodê Olá e o CidadaniAxé, emitiram notas de repúdio ao conteúdo do vídeo. Ambas cobraram respostas imediatas do vice-prefeito e ações concretas para promover respeito e combater a intolerância religiosa.

Como parte da resposta à polêmica, uma manifestação contra a intolerância religiosa foi organizada para o dia 5 de janeiro, às 10h da manhã, na Praça do Centro Histórico de Itanhaém. O evento, com o lema “Axé, Saravá, Motumbá! Respeite a nossa fé”, conta com o apoio do Centro Cultural Ilê Asé Omim Iyalodê Olá. A mobilização visa reafirmar o papel das religiões de matriz africana na construção da diversidade cultural e religiosa do Brasil, além de exigir respeito e reparações públicas.

Reflexão Necessária

O episódio reacendeu debates sobre a necessidade de maior respeito à diversidade religiosa e cultural no Brasil, país marcado por sua pluralidade. Para especialistas, líderes públicos têm o dever de adotar discursos inclusivos que promovam a união e o respeito mútuo, em vez de reforçar divisões e preconceitos.

Enquanto o caso segue repercutindo, comunidades religiosas e ativistas esperam uma retratação pública de Zé Renato, bem como o compromisso de iniciativas concretas para prevenir novos episódios de intolerância. O incidente reforça o desafio de construir uma convivência harmônica em uma sociedade diversa, onde todas as vozes sejam respeitadas.

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