
Durante sua fala em evento público, Rafael Calumby causou surpresa ao declarar que não se considera coordenador, mas sim um representante da população. Ele destacou que ocupa o cargo em nome da comunidade LGBT+ e reforçou que o trabalho desenvolvido é fruto de uma construção coletiva.
“Eu não sou o coordenador. Quem me coloca nesse lugar é a sociedade civil. Todos nós somos coordenadores, porque essa é uma construção coletiva. Somos milhares de coordenadores e coordenadoras”, afirmou.
A declaração foi recebida com atenção pela plateia e rendeu elogios, inclusive de integrantes da oposição ao governo e de membros da imprensa presentes, que reconheceram a postura como um gesto de humildade e compromisso com a participação social.
Durante o discurso, proferido na 29ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, Calumby emocionou o público ao lembrar a importância do respeito às gerações que abriram caminho para a luta por direitos. “Hoje, a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo nos convida a parar. A respirar fundo. E a olhar com respeito, com carinho — e com os olhos marejados — para quem veio antes de nós”, disse.
Ao destacar o tema da Parada deste ano, “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”, ele reforçou a urgência do debate sobre o envelhecimento da população LGBT+. “Estamos falando de pessoas que atravessaram décadas em um mundo que dizia que elas não deviam existir. Que esconderam seus afetos, que foram expulsas de casa, que enterraram seus amores em silêncio.”
Calumby também trouxe dados recentes que evidenciam a importância do tema: “A cidade de São Paulo ultrapassou a marca de 2 milhões de pessoas idosas. […] E entre esses milhões, estão nossas travestis mais velhas, nossas mulheres lésbicas que envelheceram sozinhas, nossos homens trans que viveram uma vida inteira buscando respeito, nossos gays que perderam amigos para a AIDS, para o preconceito, para a violência.”
Para ele, a Parada é mais que celebração — é um tributo, um ato de reparação e de resistência. “Esta Parada é um tributo. É um pedido de desculpas. É um abraço coletivo que diz: ‘vocês não foram esquecidos. Vocês são a razão de estarmos aqui.’”
Calumby também exaltou os avanços institucionais: “Ontem éramos uma Coordenação. Hoje somos a Coordenadoria de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo […]. Tenho orgulho de ser o primeiro coordenador desta nova Coordenadoria. Mais madura, mais experiente e com os pés firmes sobre o legado de quem construiu essa caminhada.”
Encerrando com um tom poético e político, reforçou o compromisso com a dignidade das pessoas LGBT+ em todas as fases da vida: “Quem resiste merece viver. Quem chegou até aqui merece ser celebrado. E quem lutou a vida inteira merece envelhecer com dignidade, com amor e com aplausos.”