
Os geólogos organizam a história da Terra em uma escala de tempo dividida em éons, eras, períodos, épocas e idades. Diferentes eras ou diferentes idades indicam mudanças significativas no planeta. Em 2025, para exemplificar, estamos no éon Farenozoico, na era Cenozoica e no período Quaternário. Quanto à época, apesar de a União Internacional das Ciências Geológicas afirmar que ainda estamos no Holoceno, um grupo cada vez maior de cientistas das mais diversas áreas acredita que os impactos causados pela humanidade na Terra são grandes o bastante para termos entrado em uma época nova, o Antropoceno.
As evidências do Antropoceno estariam no aquecimento global, na crise climática, na destruição da camada de ozônio, na devastação de florestas, na contaminação das águas e na extinção de espécies da fauna e da flora. Existem debates sobre quando seria seu início, e entre algumas propostas de data está o momento imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, conhecido como Grande Aceleração. O nome indica o aumento significativo das intervenções humanas no planeta a partir da segunda metade da década de 1940.
Já nos anos 1950, bem antes, portanto, de o termo Antropoceno ter sido criado e passar a circular, alguns pensadores começaram a refletir sobre os limites que o meio ambiente impõe ao crescimento econômico dos países. Esses pioneiros indicavam que as teorias econômicas, as políticas públicas nacionais e os projetos internacionais não poderiam eliminar o planeta de suas equações e contabilidades.
De lá para cá – com os sinais cada vez mais evidentes de que os velhos modelos não parecem oferecer um futuro promissor –, esse debate só cresceu e se diversificou. “Decrescimento”, “economia verde” e “crescimento sustentável”, entre outras expressões, passaram a surgir como soluções para essa nova etapa da humanidade e do planeta, seja ela uma nova época geológica ou não.
O que foi pensado, escrito, debatido e proposto nesse campo é justamente o tema de O Antropoceno e o Pensamento Econômico, livro de José Eli da Veiga, professor sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Trata-se do terceiro volume que Veiga publica sobre o Antropoceno, depois de O Antropoceno e a Ciência do Sistema Terra (2019) e O Antropoceno e as Humanidades (2023).