O audiovisual brasileiro sob a perspectiva de Leandra Leal

Por Amanda Martins

Em um país onde a maioria dos cargos são ocupados por homens, no audiovisual não seria diferente. Mas também não seria estranho que, com o passar dos anos, o destaque do olhar feminino venha ganhando cada vez mais espaço.

Leandra Leal, conhecida por seus vários papéis na teledramaturgia, cinema e teatro, também se desafia na direção de seus projetos, totalmente autorais e com voz própria. Quem acompanha Leandra ativamente sabe o quanto ela é engajada em diversas pautas sociais. Seguir com essa jornada em seus trabalhos não seria diferente. Em vários projetos desenvolvidos por ela, é perceptível a voz que quer projetar, a história que deseja eternizar e como aquele trabalho contribuirá para ser semeado para as próximas gerações.

Leandra por trás das câmeras

Um dos trabalhos mais marcantes de Leandra, e que marcou sua estreia como diretora de cinema, é o documentário “Divinas Divas” (2017). O filme conta a história da primeira geração de artistas travestis do Brasil, com as inesquecíveis Rogéria, Valéria, Jane di Castro, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa (que estrela o banner do filme) e Brigitte de Búzios. As oito divas compartilham suas dores e purpurinas, sendo pioneiras desde a década de 1960.

Um filme sensível, que fala sobre o amor e a dedicação à arte, os percalços para ser verdadeiramente quem se é e as consequências de uma época tão marginalizada – o que não foge muito da realidade em que vivemos, à frente da luta LGBTQIAPN+.

“Divinas Divas” é contado através do olhar atento de Leandra Leal pelos corredores do Teatro Rival, espaço de sua família, localizado na Cinelândia, no Rio de Janeiro. O Rival é um dos personagens centrais do documentário, acompanhando o reencontro das artistas para a montagem de um espetáculo e revelando bastidores repletos de histórias e memórias emocionantes, marcadas por força, humor, fineza e carisma.

O filme recebeu os prêmios do júri popular no Festival do Rio e no Festival de Aruanda (João Pessoa) em 2016, e no Festival South by Southwest, no Texas (EUA), em 2017.

Onde assistir “Divinas Divas”? Na plataforma de streaming Netflix.

Leandra por trás e à frente das câmeras

Em 2023, Leandra nos apresentou “A Vida Pela Frente”, série original do Globoplay, criada por ela junto com as amigas Carol Benjamin e Rita Toledo.

Dessa vez, somos surpreendidos por uma obra de ficção com criação, direção e atuação de Leandra. “A Vida Pela Frente” reflete a efervescência do final da adolescência e o início da vida adulta, com seus dilemas. O enredo se passa na virada do milênio e dialoga com a atualidade ao abordar temas como saúde mental, responsabilidade afetiva, luto, sexualidade, romance, drogas, diversão, festas e pertencimento. Leandra interpreta Tereza, uma mãe solo e superprotetora. A série traz elementos e referências vivenciadas na adolescência da própria atriz e de suas amigas desde o colégio.

A trama tem como protagonistas Nina Tomsic, Jaffar Bambirra, Flora Camolese, Muse Maya, Henrique Barreira e Lourenço Dantas, reunindo ainda um elenco de peso.

Com 10 episódios, a série está disponível para streaming no catálogo do Globoplay.

Estreia à vista: “Os Enforcados”

Em 2025, o cinema brasileiro se prepara para ganhar mais um thriller eletrizante sob a direção de Fernando Coimbra – quem assistiu ao filme “O Lobo Atrás da Porta” (2013), também com Leandra Leal, sabe do que estou falando.

Em “Os Enforcados”, Leandra e Irandhir Santos vivem um casal feliz à procura de uma saída do negócio criminoso da família. No entanto, seus esforços os empurram cada vez mais para o buraco do qual esperavam escapar.

O filme também marca o reencontro de Leandra com Fernando Coimbra, que define a parceria dos dois como “profunda e prazerosa”. Em conversa com a Cine Ninja, Fernando compartilhou sua visão sobre trabalhar com a atriz:

“A Leandra é uma atriz que tem uma entrega absoluta à personagem, ela se joga de cabeça e de coração. Ela pega essas personagens que eu escrevo, que são tão passionais e contraditórias, e traz tanta verdade para elas, tantas camadas emocionais, que acaba me revelando muita coisa que eu nem sonhava sobre essas mulheres ficcionais.”

“Antes de começar as filmagens, a gente lê muitas vezes as cenas, discutimos cada aspecto delas, ensaiamos, testamos coisas, recriamos e ela sempre vem com muitas propostas incríveis. Mas, quando a gente começa a filmar, ela se transforma diante da câmera e o que ela faz a cada take é sempre surpreendente e intensamente vivo.”

“A nossa troca é tão profunda e prazerosa que não tem como não querer seguir trabalhando sempre com ela.”

“Os Enforcados” chega aos cinemas de todo o Brasil no dia 19 de junho.

Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine Ninja. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine Ninja ou Mídia NINJA.

Por Midia Ninja

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.