Minha carreira sempre foi pautada pelos princípios da vida, pelas questões populares e pelo compromisso com o coletivo. Me sinto profundamente lisonjeado neste momento em que vivemos, em que a Parada LGBT+ de São Paulo levanta um tema de extrema importância: o respeito àqueles que vieram antes de nós.

“Envelhecer LGBT+: Memória, resistência e futuro”. Esses pilares dizem muito sobre quem somos, sobre o legado que herdamos e sobre o que desejamos deixar. É com muito orgulho que, prestes a completar nove anos de trajetória, vivo uma inovação emocionante: sou apresentadora da Feira da Diversidade, no Palco Futuro, e também subo ao Palco Memória para cantar.
É um presente duplo que reafirma minha missão de usar a arte como ponte entre o passado e o amanhã — entre a voz que canta e a que representa. Que possamos honrar os caminhos abertos, resistir com afeto e seguir sonhando com um mundo mais justo para todos os corpos.
Esse tema da Parada me atravessa profundamente. Ele reflete o nosso passado, mas também fala sobre o nosso agora. Quantos LGBT+ enfrentaram batalhas duríssimas para que hoje pudéssemos ocupar com orgulho esses palcos — e, claro, a própria Avenida Paulista. É um tema que nasceu do desejo coletivo, foi proposto no Fórum da Associação da Parada e aprovado democraticamente. Isso me faz acreditar ainda mais na força da escuta e da construção coletiva.

Antes mesmo de ser Leci Brandão Cover, sempre carreguei comigo a bandeira da verdade, da diversidade, e sigo firme usando o palco para defender os nossos. Em 2026 chego aos 40 anos e já reflito sobre o envelhecer e não só o meu, mas o de toda a comunidade 60+.
Desejo que o envelhecimento das pessoas LGBT+ seja um processo digno, com equidade, com qualidade de vida e, acima de tudo, com saúde mental preservada. Sabemos que muitos enfrentam rejeição, discriminação, solidão e violências que afetam diretamente a mente e o coração. Infelizmente, são muitos os que perdem o vínculo com a própria vida por falta de acolhimento. Por isso, o autocuidado agora é essencial.
E no domingo, 22 de junho, estarei no Trio 4 da Parada LGBT+, a convite da Coordenadoria Municipal da Diversidade. Subo com a certeza de que estou no caminho certo um caminho que tem lado, que tem posicionamento, mas que também tem leveza, afeto e celebração. Levo comigo a música de Leci, como símbolo de pertencimento, de valorização e de enfrentamento à homofobia que ainda assombra o asfalto e tenta apagar nossas existências.
Enquanto houver microfone, palco e coragem, estarei lá e por nós!