“Deep state” vira principal alvo da nova administração de Trump

Desde que assumiu o segundo mandato presidencial, Donald Trump e integrantes de seu governo, como o empresário Elon Musk, têm responsabilizado o “Deep State” (ou Estado Profundo, em português) pelo caos nas instituições públicas americanas, marcado pelo excesso de burocracia, abuso de poder e falta de transparência.
O termo, que vem sendo muito usado pela nova gestão e é sugerido como “conspiratório” pela esquerda, se refere a uma espécie de governo paralelo formado por uma rede de burocratas, políticos e líderes de agências federais que operam nos bastidores da política para preservar seus próprios interesses, sem necessariamente estarem alinhados com a agenda do povo e do governante.
Para Trump e seus aliados, o Deep State é ainda sinônimo de corrupção e manipulação pública, que tem impedido a liberdade e prosperidade da nação.
Na semana passada, Musk sugeriu em uma resposta a uma publicação na rede social X que esse Estado Profundo teve influência no resultado das eleições no Brasil em 2022, nas quais concorreram o atual presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente de direita Jair Bolsonaro.
Os republicanos também apontam uma forte interferência dos democratas da gestão anterior nas agências de inteligência americana, inclusive com acusações de que a administração de Joe Biden esteve à frente de uma política censória dentro e fora do país, no chamado “complexo industrial da censura”, termo usado primeiramente pelo jornalista Michael Shellenberger.
Antes mesmo de vencer as eleições presidenciais em novembro do ano passado, Trump já vinha defendendo o desmantelamento da burocracia federal, algo que vem tentando colocar em prática, desde a posse no dia 10 de janeiro, com a ajuda de Musk e seu Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).
De acordo com o portal conservador Daily Signal, essa pressão da nova administração tem recebido resposta concreta de aliados desse Estado Profundo, com organizações e ativistas de esquerda, impulsionados por alguns sindicatos que seguem a agenda woke, por meio de ações judiciais para bloquear as ordens de Trump – algumas com sucesso na hora de convencer juízes.
Um magistrado suspendeu temporariamente, na sexta-feira, uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump que congelou por um período de 90 dias o financiamento de ajuda externa do país.
Outro exemplo dessa atuação do Deep State é justamente por meio dos sindicatos. O governo federal emprega mais de 2 milhões de pessoas, sem contar os militares da ativa e os funcionários do Serviço Postal.
A Constituição dos Estados Unidos define uma subordinação de todos esses funcionários ao presidente como chefe do poder executivo. No entanto, os sindicatos ganharam força com o passar dos anos, principalmente os do setor público, dificultando a demissão por mau desempenho, por exemplo. Essa é uma das formas do Estado Profundo atuar.
Um dos principais golpes da gestão Trump contra essa força paralela envolveu a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, mais conhecida pela sigla Usaid, apontada como a grande patrocinadora dos projetos woke ao redor do mundo ao longo dos anos. Inclusive, a agenda da entidade americana começou a provocar efeitos no Brasil há muitas décadas.
Segundo o departamento de Musk, já foram cortados cerca de US$ 1 bilhão de gastos públicos ao cancelar contratos e programas que promovem a diversidade, a inclusão e a equidade (DEI) no governo e também com um plano para demissões em larga escala na administração federal, que enfrenta obstáculos na Justiça.