
Por Nara Almeida
28 de abril é o Dia Internacional da Educação — um momento para refletir, reconhecer e celebrar seu poder transformador. Imenso é o mundo que se abre por meio da educação. Seu valor é inestimável para a formação do indivíduo e de tudo que o cerca. O aprendizado é tudo o que permanece quando não resta mais nada. Somente por meio da educação é possível transformar realidades e adquirir ferramentas preciosas para superar dificuldades e combater injustiças sociais.
A data remete ao Fórum Mundial da Educação, realizado no ano 2000, em Dakar, no Senegal. O evento foi marcante: 164 líderes de diferentes países — incluindo o Brasil — assinaram a Declaração de Dakar, reafirmando o compromisso com uma educação igualitária e estabelecendo metas para sua acessibilidade e melhoria.
Apesar das assinaturas, os compromissos com a educação muitas vezes são negligenciados. No Brasil, ela sempre enfrentou dificuldades: o Estado fecha os olhos diante de uma lista extensa de problemas — falta de investimento público, infraestrutura inadequada, insegurança e baixa remuneração dos profissionais — apenas arranham a superfície de um cenário historicamente defasado.
Todas essas falhas impactam diretamente a qualidade do ensino. As adversidades se agravam ainda mais quando parte da população não reconhece os benefícios da educação e passa a enxergar as instituições de ensino como agentes de alienação. A educação é o alicerce que ergue uma sociedade; negar seu valor é abdicar do futuro e aceitar sua derrocada.
O dia 28 de abril é também dedicado aos educadores, mestres na arte de transmitir conhecimento e transformar vidas. O ato de educar não se limita às salas de aula — pode acontecer em qualquer espaço que estimule o olhar crítico, o questionamento e a busca por soluções.
É sempre significativo quando a educação dialoga com a sétima arte. Através do cinema, as formas de ensino são amplificadas, reinventadas e difundidas.
Uma filmoteca é tão essencial quanto uma biblioteca; as salas de cinema são também salas de aula, onde cada obra exibida carrega identidade e apelo emocional. Seja por narrativas ficcionais que inspiram a mudança, seja por documentários que expõem realidades e despertam um senso de urgência, o aprendizado ganha ainda mais força com a arte.
Pensando nisso, selecionamos diferentes produções audiovisuais que convidam à reflexão sobre o papel fundamental da educação na sociedade.
“A Sociedade dos Poetas Mortos” (1989)
Diretor: Peter Weir
Onde assistir: Disney+
Sinopse: O carismático professor de inglês John Keating chega para lecionar em um tradicional colégio para rapazes. Com métodos pouco convencionais, ele transforma a rotina da escola e desperta a paixão pela literatura em seus alunos.
“Pro Dia Nascer Feliz” (2006)
Diretor: João Jardim
Onde assistir: Gratuito no YouTube
Sinopse: Em três estados brasileiros, em classes sociais distintas, adolescentes falam da vida na escola, seus projetos e inquietações numa fase crucial de sua formação. Professores também expõem seu cotidiano profissional, ajudando a pintar um quadro complexo das desigualdades e da violência no país a partir da realidade escolar.
“A Classe” (2008)
Diretor: Laurent Cantet
Onde assistir: Prime Video
Sinopse: François é um jovem professor de francês em uma escola secundária difícil em um bairro problemático. Seus alunos têm entre 14 e 15 anos de idade. Ele não hesita em envolvê-los em batalhas verbais estimulantes. A enorme franqueza de François surpreende seus alunos, mas seu rigoroso senso de ética é abalado quando os jovens começam a não aceitar seus métodos.
“M’byá Reko Pyguá, A Luz Das Palavras” (2012)
Direção: Kátia Klock e Cinthia Creatini da Rocha
Onde assistir: Gratuito no YouTube
Sinopse: A sensibilidade do povo Guarani em educar as crianças permanece viva apesar das influências da sociedade contemporânea. Mas os caminhos e esforços dos líderes espirituais e professores indígenas são marcados por dilemas, buscas, encontros e desencontros. Este registro todo gravado em Guarani na Aldeia Yynn Moroti Wherá, em Biguaçu, Santa Catarina, no sul do Brasil, comprova: espiritualidade, simplicidade e verdade são palavras que traduzem “a luz” dos Guarani no seu processo de educação.
“O Menino que Descobriu o Vento” (2019)
Direção: Chiwetel Ejiofor
Onde assistir: Netflix
Sinopse: Sempre esforçando-se para adquirir conhecimentos diversificados, um jovem de Malawi se cansa de assistir todos os colegas de seu vilarejo passando por dificuldades e começa a desenvolver uma inovadora turbina de vento.
“Atravessa a Vida” (2020)
Direção: João Jardim
Onde assistir: Globoplay
Sinopse: Uma viagem ao interior de Sergipe acompanhando uma turma do 3º ano do ensino público nos meses que antecedem a tão esperada prova do ENEM. Os estudantes refletem sobre questões contemporâneas, dentro e fora de sala de aula, como a depressão, o aborto, a pena de morte e o legado das ditaduras.
“Como Estrelas na Terra” (2007)
Direção: Aamir Khan e Amole Gupte
Onde assistir: Google Play (aluguel)
Sinopse: O jovem Ishaan tem muita dificuldade para se concentrar nos estudos, e mal consegue escrever o alfabeto. Depois de diversas reclamações da escola, o pai, que acredita que Ishaan não faz as tarefas por falta de compromisso, decide levá-lo a um internato, o que leva o menino a entrar em depressão. Mas, um professor substituto de artes, Nikumbh, logo percebe o problema de Ishaan, e entra em ação com seu plano para devolver a ele a vontade de aprender e, sobretudo, viver.
“O sorriso de Monalisa” (2004)
Direção: Mike Newell
Onde assistir: Prime Video (assinatura premium)
Sinopse: Katharine Watson (Julia Roberts) é uma recém-graduada professora que consegue emprego no conceituado colégio Wellesley, para lecionar aulas de História da Arte. Incomodada com o conservadorismo da sociedade e do próprio colégio em que trabalha, Katharine decide lutar contra estas normas e acaba inspirando suas alunas a enfrentarem os desafios da vida.
“O Último Vagão” (2023)
Direção: Ernesto Contreras
Onde assistir: Netflix
Sinopse: A determinada professora Georgina dá aulas em um vagão de trem na zona rural do México para dar uma chance de uma vida digna a seus alunos.
“Quando Sinto que Já Sei” (2014)
Diretores: Antonio Sagrado, Raul Perez e Anderson Lima
Onde assistir: Gratuito no YouTube
Sinopse: O documentário “Quando sinto que já sei” registra práticas educacionais inovadoras que estão ocorrendo pelo Brasil. A obra reúne depoimentos de pais, alunos, educadores e profissionais de diversas áreas sobre a necessidade de mudanças no tradicional modelo de escola. Projeto independente, o filme partiu de questionamentos em relação à escola convencional, da percepção de que valores importantes da formação humana estavam sendo deixados fora da sala de aula.
“A Educação Proibida” (2012)
Direção: Germán Doin
Onde assistir: Gratuito no YouTube
Sinopse: Documentário que se propõe a questionar as lógicas da escolarização moderna e a forma de entender a educação, mostrando diferentes experiências educativas, não convencionais, que propõem a necessidade de um novo modelo educativo.
“Espero Tua (Re)Volta” (2019)
Diretora: Eliza Capai
Onde assistir: Prime Video (Curta on – assinatura premium)
Sinopse: Um retrato do movimento estudantil que ganhou força a partir do ano de 2015, que ocupou escolas estaduais por todo Brasil. Acompanhando três jovens do movimento e com imagens de arquivo de manifestações desde 2013, o documentário tenta compreender as ocupações e as suas principais pautas a partir do ponto de vista dos estudantes envolvidos.
“Vocacional – Uma Aventura Humana” (2017)
Direção: Toni Venturi
Onde assistir: Gratuito no YouTube
Sinopse: O filme revisita um capítulo emocionante e pouco conhecido da história da educação pública no país: os colégios vocacionais do estado de São Paulo, reprimidos na década de 1960 pelo regime militar.