Carlinhos Maia é denunciado por transfobia contra Liniker e reacende debate sobre respeito e responsabilidade nas redes sociais

O influenciador digital Carlinhos Maia foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) nesta quarta-feira, 25, sob acusação de transfobia contra a cantora Liniker. A ação, segundo informações do colunista Gabriel Vaquer, da Folha de S.Paulo, foi movida por dois importantes órgãos de defesa da comunidade LGBTQIAP+ no Nordeste.
O episódio que culminou na denúncia ocorreu na noite da última terça-feira, 24, quando Carlinhos, em um vídeo publicado no Instagram, referiu-se à cantora de forma desrespeitosa ao trocar intencionalmente seus pronomes. “Você foi para o show dele, dela, delu, dolu, de Liniker. Dele! Mas ele cantou como dela com Priscila Senna do Recife, vou botar a música, o que importa é a música”, disse o influenciador, em tom de deboche. Após a repercussão negativa, o vídeo foi apagado.
A reação da comunidade LGBTQIAP+ foi imediata, com muitas pessoas denunciando o comportamento como transfóbico e exigindo um posicionamento do influenciador, que possui milhões de seguidores. Liniker, que é uma referência para a população trans e não binária no Brasil, não se pronunciou publicamente sobre o caso até o momento.
Declarações que ampliam a controvérsia
Na quarta-feira, Carlinhos Maia voltou às redes sociais para se justificar, mas as novas declarações apenas agravaram a situação. “Eu vivo colocando as músicas da Liniker há anos, não entendo nada [da sigla LGBT+]… tento entender, buscar, porque toda hora aparece uma sigla nova. Ontem eu estava embriagado, o mundo fala mal de mim… ontem eu falei, delu, dalu, dela, para me referir a ela… não é uma desculpa, porque não devo nada. A Liniker é ela, mas a comunidade que vá para a put* que pariu! Não me importo com vocês!”, declarou.
O tom agressivo e a falta de empatia com a comunidade LGBTQIAP+ geraram uma onda de indignação nas redes sociais, com ativistas, artistas e seguidores cobrando maior responsabilidade do influenciador em suas falas. A denúncia ao MPF reflete a gravidade com que as organizações enxergam o caso, considerando-o uma violação de direitos fundamentais.
Um chamado ao diálogo e à educação
Este caso reacende a importância do respeito à identidade de gênero e aos pronomes, um debate que vai além do universo das redes sociais. Para muitas pessoas trans, ser chamado pelos pronomes corretos é uma questão de dignidade e validação.
Especialistas em diversidade e inclusão apontam que influenciadores como Carlinhos Maia, com grande alcance midiático, têm o dever ético de usar sua voz para promover respeito e empatia, especialmente em um país que lidera tristes estatísticas de violência contra pessoas LGBTQIAP+.
O episódio também destaca a necessidade de educação sobre questões de gênero, não apenas para o público geral, mas também para figuras públicas, que possuem um papel central na formação de opiniões e comportamentos.
O impacto de ações como essa
A transfobia, em qualquer forma, causa feridas profundas e perpetua a marginalização de pessoas trans. Liniker, enquanto artista, tem contribuído significativamente para a visibilidade da diversidade no Brasil. Atos de desrespeito como os de Carlinhos Maia não apenas atingem a artista, mas também enfraquecem esforços coletivos de promover inclusão e igualdade.
A denúncia ao MPF é um marco que reforça a importância de responsabilizar discursos de ódio e práticas discriminatórias. É também um lembrete de que a luta por direitos humanos e respeito continua sendo essencial no Brasil.
Carlinhos Maia ainda não se posicionou oficialmente sobre a denúncia, mas o caso segue como um alerta para o impacto das palavras e para o papel de cada um na construção de uma sociedade mais justa e acolhedora.