
A luta por direitos e visibilidade da população LGBTQIA+ ganha um novo fôlego com o lançamento do Calendário de Paradas Periféricas, um marco que evidencia a força dos movimentos locais e descentraliza a celebração do orgulho. O evento de lançamento reuniu lideranças, ativistas, influenciadores e representantes das comunidades para consolidar a importância das paradas que acontecem fora dos grandes centros urbanos.
A iniciativa busca dar protagonismo às paradas organizadas em bairros periféricos da capital paulista, como Capão Redondo, Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, São Miguel, Santo Amaro, Grajaú, São Mateus e Campo Limpo, garantindo que o orgulho LGBTQIA+ seja celebrado em todos os territórios. Muitas dessas regiões enfrentam desafios estruturais e sociais específicos, como a ausência de políticas públicas, violência e marginalização da população LGBTQIA+.
Mais que festa: um ato político
As paradas periféricas são mais que eventos festivos – são um grito de resistência. Para Paulo Neobeck, organizador do evento de lançamento do calendário, a iniciativa representa um avanço significativo para dar visibilidade ao movimento:
“Fazer um lançamento, dar um pontapé inicial, mostrar que as paradas da periferia têm força, têm movimento social, têm política. A ideia foi essa: mostrar e pedir parcerias.”
Já Elvis Justino, diretor da Parada SP e um dos idealizadores do Movimento de Paradas Periféricas, destacou que o evento reuniu pela primeira vez diversos segmentos da comunidade LGBTQIA+, unindo ONGs, influenciadores, lideranças e pessoas da periferia em um espaço de reconhecimento mútuo. Ele enfatizou que muitas instituições já conhecem as paradas periféricas, mas escolhem ignorá-las. Agora, com o calendário oficializado, essa realidade pode começar a mudar.
“Mostramos que a periferia tem força. Quando falamos ‘nós’, não falamos apenas de um grupo ou organização, mas de um movimento periférico que existe, resiste e faz história.”
O impacto do calendário
A oficialização do calendário fortalece a mobilização das comunidades e possibilita um maior apoio de parceiros, patrocinadores e poder público. Além disso, contribui para que as paradas periféricas sejam reconhecidas como parte fundamental da luta por direitos LGBTQIA+ na cidade, rompendo com a lógica de que apenas os grandes centros urbanos representam a diversidade.
O Calendário de Paradas Periféricas reforça que o orgulho precisa estar presente em todos os cantos da cidade, mostrando que a resistência LGBTQIA+ pulsa forte também nas periferias. Com eventos que unem militância, cultura e celebração, a descentralização do movimento se torna uma realidade cada vez mais concreta.
Agora, a expectativa é que essa visibilidade se transforme em apoio real, garantindo que as paradas periféricas continuem crescendo e sendo um espaço de acolhimento, luta e transformação social.
