Artista não binário desafia regras do teatro e do senso comum – Jornal da USP

Para entender o que é ser não binário, Oliver precisou, primeiro, entender o que é gênero. Na pesquisa, o especialista realiza uma análise do conceito utilizando as teorias dos filósofos especialistas em gênero Paul Preciado, espanhol, e Judith Butler, estadunidense. Ambos afirmam que ser mulher ou homem depende de como uma pessoa se apresenta, não da sua genital, como entende o senso comum. 

Segundo Butler, os padrões que definem o que é feminino e masculino não condizem com as características naturais humanas e mesmo as pessoas que não são transsexuais estão em constante busca de se aproximar dessas normas para serem vistas pelos outros como desejam. É por isso que, por exemplo, algumas mulheres se depilam, e alguns homens usam produtos para a barba crescer.

Nessa análise, gênero é, na verdade, uma performance, um “jogo de como a gente se apresenta a partir do que a gente conhece e como nos leem”, explica Oliver. “É engraçado ser uma pessoa trans não binária, porque, quando eu não sabia que era, eu me questionava: será que sou um homem trans? E fui descobrindo que não, que eu gostava de ficar no entre. É como me sinto mais confortável, mas também é divertido ver como as pessoas me leem”, diz o pesquisador.

Com o tempo, Oliver percebeu que atuar e explorar as formas de se apresentar na sociedade em seu próprio cotidiano eram ações semelhantes. Por isso, decidiu se aprofundar no teatro documental, partindo das experiências vividas, sem uma moral da história programada.

Por jornal.usp

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