
Livros abrangem todos os aspectos das atividades da Globo, há muito tempo líder de audiência na televisão brasileira

O jornalista Ernesto Rodrigues, autor dos livros Hegemonia e Concorrência (Ed. Autêntica) que relatam a história da TV Globo entre 1965 e 1998, fará uma palestra sobre as duas obras na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP), no Auditório Freitas Nobre, no próximo dia 28 de abril, às 13h. Haverá um terceiro livro, Metamorfose, ainda em elaboração, sobre o período 1999-2025
Rodrigues atuou por 12 anos na TV Globo, a partir de 1985, tendo sido editor e executivo de telejornais e programas da emissora e chefe da sucursal em Londres. Os livros abrangem todos os aspectos das atividades de uma TV como a Globo, há muito tempo líder de audiência na televisão brasileira e que completa neste ano ano seis décadas de criação. Tratam de poder, jornalismo, política, dramaturgia, entretenimento, comercial, audiência etc.
A resenha do primeiro volume, Hegemonia, 670 páginas, publicada no Jornal da USP (leia aqui) em 10 de janeiro passado, dizia: “No longo e detalhado relato, desfilam as impressões e as vicissitudes de todos os membros da comunidade, de executivos a artistas, renomados ou não, que trabalharam para construir a liderança da TV Globo no universo televisivo brasileiro. E ajudaram, cada um a seu modo, a sua técnica, a sua arte, suas concordâncias e discordâncias, a construir uma ferramenta que até hoje concentra uma parte significativa, embora menor, dos telespectadores tupiniquins”.
O segundo volume, Concorrência, 685 páginas, publica, quase ao final, um texto de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, sobre sua saída da empresa onde reinara por tantas décadas:
“Eu fui saído da empresa. O Walter Clark [seu antecessor] teve problemas com doutor Roberto (Marinho) e com a Globo. Mesmo assim, houve uma gentil troca de cartas. O Joe Wallach saiu por livre e espontânea vontade e foi homenageado com um grande banquete pela empresa. Na minha saída não teve nada. Nem um adeusinho simpático. Havia sido combinado que também trocaríamos cartas amáveis. Mas não aconteceu. Ao invés disso, foi publicado no jornal O Globo uma matéria me rebaixando ao dizer que eu passaria a ser subordinado à nova diretoria. Na verdade, eu ficaria como assessor direto da vice-presidência. Mesmo assim, pró-forma. Depois de 31 anos, poderia ser mais amigável, pois eu compreenderia facilmente qualquer mudança. Toda empresa tem o direito de escolher e trocar seus funcionários e comandantes quando bem entender. Mas é preciso respeito e reconhecimento pelo serviço prestado. Não ocorreu comigo. Mas, sinceramente, isso não importa mais. Nenhuma mágoa. O que valeu foi o agradável tempo de convívio com o doutor Roberto, com o Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto. O que valeu foi o trabalho que eu e meus companheiros fizemos na Globo. O que valeu é o que deixamos lá e é usado até hoje. O que valeu é que nós, os profissionais, fomos os responsáveis pela ‘era de ouro’ da televisão brasileira”.
Antes da Globo, Ernesto Rodrigues, autor dos livros, 70 anos, mineiro de Lambari, formado pela PUC Minas e repórter desde 1978, trabalhou nos jornais O Globo e Jornal do Brasil e nas revistas IstoÉ e Veja. A partir de 2001, após deixar a emissora, passou a se dedicar às aulas de jornalismo na PUC Rio; foi ombudsman da TV Cultura de São Paulo entre 2008 e 2010 e montou, em 2013, a Bizum, produtora na qual roteirizou e dirigiu mais de 20 documentários sobre temas e personagens diversos. Como escritor e biógrafo, além de Ayrton Senna, o herói revelado, escreveu e organizou o livro No próximo bloco… O jornalismo brasileiro na TV e na Internet. Também é autor de Jogo duro: a história de João Havelange; O traço da cultura: o desafio de ser ombudsman da TV Cultura, a emissora mais festejada e menos assistida do Brasil; e Zilda Arns. Uma biografia.
O acesso ao Auditório Freitas Nobre da Escola de Comunicações e Artes, na Cidade Universitária, em São Paulo, será livre para o público interessado em assistir à palestra.
Auditório Freitas Nobre – Endereço: Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, 443 – Cidade Universitária
28 de abril, às 13h