Governo Trump mira em políticas raciais nas escolas americanas

O Departamento de Educação do governo de Donald Trump deu um prazo de duas semanas para escolas e universidades retirarem programas que consideram a raça do ingressante na hora de concorrer a bolsas de estudo e contratações, sob o risco de perderem investimentos federais.
A administração Trump deu um ultimato para as instituições por meio de um memorando, na sexta-feira, a fim de interromper o uso do requisito racial nas admissões, auxílio financeiro, contratação e outras áreas.
A medida anunciada pela Casa Branca levou em conta uma decisão da Suprema Corte, de 2023, cuja conclusão foi considerar o uso de “consciência racial” na admissão de pessoas em universidades ilegal.
O novo governo classifica qualquer política baseada em raça como “discriminatória”. De acordo com o memorando, entre outras ações, as instituições de ensino devem proibir a divisão de dormitórios ou eventos de formatura por raça. Além disso, o anúncio da Casa Branca visa encerrar outras políticas como o recrutamento de professores seguindo esse mesmo critério.
O secretário assistente interino de direitos civis do Departamento de Educação, Craig Trainor, afirmou que “as escolas têm operado sob o pretexto de que selecionar alunos por ‘diversidade’ ou eufemismos semelhantes não é selecioná-los com base na raça”. A partir de agora, segundo ele, isso “não acontecerá mais. Os alunos devem ser avaliados de acordo com mérito, realização e caráter”, acrescentou.
“Em essência, o teste é simples: se uma instituição educacional trata uma pessoa de uma raça de forma diferente de outra pessoa por causa da raça dessa pessoa, a instituição educacional viola a lei”, concluiu Trainor.
Segundo o jornal The New York Times, na segunda-feira, o Departamento de Educação anunciou o cancelamento de US$ 600 milhões em financiamento focado em treinar professores em “tópicos inapropriados e desnecessários”, sendo citados na ocasião pelo governo a teoria crítica da raça, ativismo pela justiça social, antirracismo e “instrução sobre privilégio branco”.
No final de janeiro, poucos dias após sua posse, Trump já havia assinado um decreto para retirar investimentos federais de escolas que ensinam as chamadas “teorias raciais e de gênero”, parte da agenda woke implementada na grade curricular das instituições americanas nos últimos anos.
De acordo com a ordem executiva, os estudantes “são forçados a aceitar essas ideologias sem questionamento ou exame crítico”, o que acaba “semeando divisão, confusão e desconfiança, além de minar os próprios fundamentos da identidade pessoal e da unidade familiar”.