Vereadora Fernanda Curti é alvo de vaias em cerimônia de posse e reafirma compromisso com a inclusão

Na manhã de ontem, a cerimônia de posse dos vereadores da Câmara Municipal de Guarulhos e do prefeito Lucas Sanches (PL) foi marcada por um episódio de hostilidade. Fernanda Curti (PT), vereadora eleita com quase 10 mil votos e uma das mais votadas na cidade, enfrentou vaias ao erguer a bandeira LGBTQIAPN+ durante o evento. O protesto partiu, em grande parte, de apoiadores da base governista.
Apesar do ocorrido, Curti demonstrou firmeza e destacou a importância de sua presença no Legislativo. “Lamento que um ato de injúria racial tenha acontecido na maior cidade não capital do país, ainda mais dentro de uma Casa que deveria ser a expressão máxima da democracia. Mas não me sinto intimidada. Sei que meu corpo político desafia o status quo”, afirmou.
A vereadora atribuiu as vaias a grupos que, segundo ela, “são contrários à democracia” e enfatizou sua representatividade. “As pessoas que me vaiaram são as mesmas que apoiaram a tentativa criminosa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Isso não me surpreende. Estou aqui para representar mulheres, pessoas negras, a comunidade LGBTQIAPN+, as religiões de matriz africana, a cultura, e trabalhadores das periferias de Guarulhos. Minha luta é por essas comunidades que ainda carecem de atenção do poder público”, disse Curti.
O episódio também reacendeu o debate sobre a proteção legal às pessoas LGBTQIAPN+. Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equipara a homofobia e a transfobia ao crime de racismo. Em 2023, a Corte ampliou esse entendimento, reconhecendo que ofensas individuais direcionadas a pessoas LGBTQIAPN+ podem configurar injúria racial.
A diferença é clara: o racismo atinge grupos ou coletividades, enquanto a injúria racial fere a dignidade de um indivíduo por meio de insultos relacionados à orientação sexual ou identidade de gênero.
Com coragem e resiliência, Fernanda Curti reafirmou seu compromisso com as comunidades que representa, mesmo diante da intolerância. Sua presença no Legislativo simboliza uma luta contínua pela inclusão e pelo respeito à diversidade.