
Você já ouviu falar do vermelho bissexual?
Essa expressão tem ganhado força nas redes sociais e na cultura pop como um símbolo visual poderoso da bissexualidade e vamos entender o porquê isso está acontecendo. Continue lendo…
Como Surgiu o Termo Vermelho Bissexual
O termo “vermelho bissexual” começou a circular principalmente em redes como Tumblr, TikTok e Twitter, onde a estética visual queer é constantemente reinventada. Usuários da comunidade bissexual passaram a usar o magenta da bandeira bissexual como cor predominante em fundos de arte, filtros, luzes e elementos gráficos para sinalizar pertencimento e orgulho.
Com o tempo, esse tom forte e chamativo passou a ser informalmente chamado de “vermelho bissexual”. Não por ser, de fato, vermelho, mas por lembrar um vermelho rosado em imagens estilizadas. A internet, como sempre, criou sua própria linguagem.
A bandeira bissexual, criada por Michael Page em 1998, tem três cores, nenhuma delas vermelha:
- Magenta-escuro (#D60270): representa a atração por pessoas do mesmo gênero.
- Azul royal (#0038A8): representa a atração por outros gêneros.
- Roxo intermediário (#9B4F96): representa a sobreposição dessas atrações — ou seja, a própria bissexualidade.
Ou seja: o tal “vermelho bissexual” é, na prática, o magenta da faixa superior da bandeira.
Muito Além da Cor: A Estética de Resistência
Nas redes sociais, o vermelho bissexual começou a aparecer em filtros, fundos de fotos, edições e artes para sinalizar o orgulho bi. Além disso, muitos criadores de conteúdo bissexuais usam esse tom em seus visuais como um código de identificação com a causa, tanto em campanhas quanto em produções artísticas.
Essa cor também ajuda a combater o apagamento bissexual, algo muito comum dentro e fora da comunidade. Muitas pessoas bissexuais ainda enfrentam desconfiança, estigmas como “fase”, “confusão” ou “indecisão”, e até exclusão em espaços LGBTQIAP+. Por isso, o uso do vermelho bissexual como identidade visual tem ganhado força como forma de resistência e afirmação.
Usar essa estética é, para muitas pessoas:
- Uma forma de se encontrar em meio a conteúdos queer, onde a bissexualidade ainda é sub-representada ou mal compreendida;
- Um gesto de resistência simbólica e cotidiana, principalmente quando seus relacionamentos são invalidados dependendo da companhia;
- Um jeito visual de dizer: “eu existo e não sou uma fase.”
- Uma maneira de se ver e ser visto, com autenticidade e sem precisar se encaixar em estereótipos;
- Um lembrete de que o orgulho também se constrói nos detalhes, nas escolhas de cor, nos códigos visuais, na linguagem sutil que diz: “você não está sozinho/a/e”.
Assim como o verde lésbico virou símbolo da estética lésbica, o vermelho bissexual conquistou seu espaço na estética contemporânea LGBTQIAP+.
E Por Que Isso Importa
Cores são linguagens. Quando uma comunidade escolhe um tom para representá-la, ela está se comunicando com o mundo e também entre si.
Mesmo sem ser “oficial”, o vermelho bissexual virou uma marca visual de pertencimento e afirmação, usada por pessoas bissexuais como uma forma de sinalizar identidade, orgulho e visibilidade, especialmente num contexto em que o apagamento bi ainda é muito forte, inclusive na própria comunidade LGBTQIAP+.
A apropriação de uma cor como forma de expressão tem um significado político e emocional. O vermelho bissexual (mesmo sendo, tecnicamente, um magenta-escuro) se conecta com algo ancestral: a necessidade de marcar o corpo, o espaço e a narrativa com algo que diga “eu pertenço”.
Ser bissexual não é só uma orientação, é viver em travessia. Muitas vezes, pessoas bi circulam entre espaços onde precisam se explicar o tempo todo: não são “gays o suficiente” em um lugar, nem “héteros o suficiente” em outro. Essa travessia constante exige força, e a estética se torna armadura.
Além disso, o vermelho/magenta carrega simbolismos universais:
- Está associado ao desejo, à potência e ao sangue: elementos que também dizem respeito à vivência de ser bi num mundo binário;
- É uma cor que chama atenção, rompe o neutro, confronta o olhar.
- Nos estudos de psicologia da cor, tons magenta são ligados à intuição, liberdade e ambiguidade, palavras que ecoam o que é ser bi.
No design, essa cor também tem um comportamento único:
Ela cruza o quente do vermelho com o frio do azul, assim como a bissexualidade desafia dicotomias. Não é coincidência que ela ocupe a faixa superior da bandeira bi, é a cor que rompe, provoca, inicial
O uso crescente do vermelho bissexual também mostra como as identidades digitais LGBTQIAP+ estão cada vez mais visuais. Em tempos de Instagram, TikTok e Pinterest, paleta de cores também é militância.
E para quem nunca se viu em lugar nenhum, poder se ver em uma cor é um tipo de alívio. É o alívio de saber: “tem mais gente como eu.” E isso não é pouco.