
Por Júlia Neves
O sentimento de que as mídias tradicionais não davam atenção suficiente a histórias de mulheres era pertinente em Raissa e foi assim que a Eufêmea surgiu. Tudo começou quando Raissa estava atuando como redatora em um outro portal de notícias e decidiu criar um blog para escrever sobre pessoas inspiradoras, artistas e conteúdos que ela não via sendo escritos por aí. O blog que foi batizado com seu nome e sobrenome – “Raissa França” – começou a receber muitas demandas de mulheres que queriam contar suas histórias e até denunciar casos de violência e foi aí que a jornalista percebeu que precisava atender a um chamado. “Eu sempre tive esse lado de querer fazer justiça e lutar pelas minorias. Desde criança, pra mim nunca fez sentido viver num mundo com divisões”, disse ela relembrando sua infância.
A jornalista tem uma história parecida com a de várias outras mulheres – veio de uma família simples e precisou trabalhar desde cedo – mas carregava consigo algo muito especial: tinha a escrita como refúgio. Mesmo sabendo que deveria seguir no jornalismo por causa dessa sua aptidão com a comunicação, decidiu cursar administração por conta das críticas que recebia. “Me diziam que eu morreria de fome se seguisse no jornalismo”, explicou.
Apesar disso, seu conformismo não durou muito, chegou um momento em que ela começou a passar por uma “crise pessoal” e não via mais sentido em cursar algo que não conseguia se identificar. É a partir dessa decisão que seu desejo de se tornar jornalista começa a ganhar concretude.
Foto: Arquivo Pessoal
Foi justamente por conta dessa sua coragem de seguir o que sentia dentro de si, que sua vontade de contar histórias pôde se materializar na Agência Eufêmea. Então eis que em parceria com uma amiga também jornalista, em 2019 surge a ideia de um site de notícias voltado para as mulheres. Na época, ocorreram algumas mudanças de planos devido à pandemia que aconteceu logo no ano seguinte, mas nem isso fez com que a vontade de Raissa de construir um lugar voltado para o público feminino fosse cessada. “Eu percebia que na mídia tradicional alguns assuntos não eram aprofundados, e quando eram, não era de uma forma acolhedora”, disse ela.
O que nasceu como um portal de notícias, hoje é algo muito maior. É uma agência, mais completa e com muitos outros serviços a oferecer, mas ainda com o mesmo objetivo de viabilizar um espaço para ouvir mulheres de forma mais empática e humana.
Equipe Eufêmea (Foto: Chelly criativa)
Durante esse tempo, a Agência Eufêmea tem sido palco para que muitas mulheres possam denunciar situações abusivas mas também para que elas sejam protagonistas da sua própria história. A agência tem se consolidado como uma das plataformas informativas mais relevantes do nordeste e ganhado prêmios nacionais como o Sebrae Mulher de Negócios e o Troféu Mulher Imprensa em forma de reconhecimento do trabalho excepcional feito por Raissa e sua equipe.
Raissa França na premiação Sebrae Mulher de Negócios (foto: Arquivo pessoal)